Comunità Italiana

Chat combate o Mal de Alzheimer

 

Projeto com a colaboração da rede social Facebook pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos enfermos da Itália, país que tem a segunda população mais idosa do planeta, atrás apenas do Japão

O combate ao Mal de Alzheimer ganha um aliado importante nas redes sociais. O programa Chat Yourself usa o álbum de retratos, o Facebook, como ferramenta ou “medicação” para ajudar o paciente a não se perder, literalmente, no mar de memórias que se desfaz durante o avanço da doença. O projeto experimental Chat Yourself contém no título a força motriz da sua inovação: converse consigo próprio. Ele está sendo testado e implantado em pacientes no primeiro estágio da enfermidade, justamente quando as lembranças tornam-se cada vez mais inacessíveis e a orientação no espaço e no tempo passa a ser um obstáculo para uma existência normal. A ideia é transformar o Facebook numa agenda virtual e num diário de bordo da vida dos doentes e, de consequência, em um manual de “primeiros socorros” ao alvorescer dos problemas mais comuns, como o esquecimento do endereço de casa ou dos nomes de pessoas conhecidas.

A questão na Itália é preocupante por causa da alta expectativa de vida. A enfermidade costuma aparecer no indivíduo entre os 70 e 80 anos de idade, ainda que possa surgir de maneira mais precoce. O problema é como tratar as pessoas num sistema de saúde público à beira do colapso e com o atendimento privado com os custos nas estrelas. Segundo a Associação Italiana Doença de Alzheimer, existem 600 mil pessoas atingidas pela enfermidade. Deste total, 18% vivem com a ajuda de uma cuidadora. Os gastos diretos com a assistência superam os 11 bilhões de euros, 73% dos quais são cobertos pelas famílias. Os filhos que se encarregam dos pais doentes contam com um nonno-sitter, em 38% dos casos. O mundo está envelhecendo mais lentamente e a efermidade se alastra. A Itália tem 22% da população na faixa etária acima dos 60 anos, ou seja, mais de 13 milhões de pessoas. A idade média atual dos doentes é de 78,8 anos, o que é um pequeno progresso, pois era de 73,6 anos em 1999 e de 77,8 anos em 2006, e o tempo do diagnóstico reduziu-se a menos de dois anos, quando antes era de quase três.

Indústria farmacêutica não quer mais investir em medicamentos eficazes

O campo da inovação abre uma frente de batalha para facilitar a vida de quem sofre diretamente ou indiretamente as consequências desta doença que, lentamente, joga o paciente num isolamento social que pode acarretar outros males, como a depressão.  A falta de informação contribui para dificultar ainda mais o convívio com quem está próximo e vice-versa. A solução paliativa encontrada pelo Chat Yourself ameniza o problema e ajuda na integração dos enfermos com o mundo ao redor ao dar ferramentas para tratar a questão da maneira mais rápida e eficiente. A assistência virtual foi desenvolvida pela empresa Nexopera, com a participação do colosso da publicidade Young&Rubican e Italia Longeva, uma rede destinada ao envelhecimento criada pelo Ministério italiano da Saúde, além de recursos da região Marche, Irccs Inrca e próprio Facebook.

O projeto ganha mais importância em um período no qual as grandes indústrias farmacêuticas anunciam a sua retirada do campo de batalha, ou seja, da pesquisa de remédios contra as doenças neurológicas, tais com Alzheimer e Parkinson, somente para citar as mais conhecidas.  O colosso americano Pfizer segue os passos da gigante conterrânea Merck: ambas abandonaram a busca por um remédio que combata a doença com eficácia. Os medicamentos experimentais não surtiram o efeito esperado depois de anos e milhões de dólares de investimento.

Contudo, as terapias para atrasar o processo de degeneração do cérebro e contra as dores continuam a ser investigadas. As esperanças depositam-se, agora, na casa farmacêutica japonesa Shionogi já em colaboração com 20 centros avançados de pesquisa na Itália — com a americana Johnson&Johnson. Enquanto isso, no Brasil, uma planta amazônica alimenta a expectativa da comunidade científica. Ela atende pelo nome de camapu e, segundo os pesquisadores da Universidade Federal do Pará, conteria substâncias capazes de estimular a produção de novos neurônios — uma hipótese que até pouco tempo atrás seria considerada pura fantasia.