Em visita à capital paulista, Matteo Renzi anuncia mais investimento em educação e cultura

“É com educação, cultura e esporte que superaremos a crise e o terrorismo”. Foram as palavras do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi em sua primeira visita à capital com maior número de italianos no exterior. O encontro no Circolo Italiano de São Paulo aconteceu na tarde de 4 de agosto e reuniu a comunidade, empresários, políticos e membros de instituições culturais. Surpreendeu também a presença de dezenas de estudantes das duas escolas mais tradicionais dos italianos na cidade: a Dante Alighieri e a Eugenio Montale.
Por meio de um convite, em parceria entre o Consulado Geral da Itália em São Paulo e o Circolo Italiano, o primeiro-ministro mais jovem da história do país fez uma rápida visita à cidade, na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
— A visita foi uma grande oportunidade de conhecermos o ministro e esperamos que ele continue olhando para os interesses da comunidade fora da Itália — declarou à Comunità Norma Maradei, diretora social do Circolo Italiano.

Premier enfatiza apoio a valores culturais e artísticos nas relações com o Brasil
Renzi arriscou falar em português e iniciou o discurso com um ‘boa tarde’. Ele usou frases de efeito e um pedido de desculpas.
— Perdão pelo pouco tempo aqui, mas acho que todos nós podemos ter um ponto de acordo, apoiando valores culturais e sociais. Por isso, estamos investindo fortemente em nosso extraordinário patrimônio artístico e humano, que inclui todos vocês — completou Renzi, que anunciou interesse em aumentar o investimento em todas as escolas italianas.
Em seguida, apresentou um breve vídeo mostrando pontos turísticos da Itália e continuou as declarações que animaram as entidades locais.
— Todo recurso para educação é muito bem-vindo. Temos duas escolas importantes para a comunidade italiana no estado e, há aproximadamente cinco anos, são feitas solicitações, junto com políticos, para ampliar o investimento no Brasil. Por isso, consideramos positivo o interesse do Renzi em valorizar a cultura — comentou Floriano Pesaro, secretário estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo.
— O governo italiano contribui com um percentual para manter a escola e, para nós, qualquer investimento é importante — afirmou a diretora da escola Eugenio Montale, Paola Capraro.
A recepção do presidente do Conselho Italiano na cidade de São Paulo foi feita por personalidades pelo cônsul geral da Itália em São Paulo, Michele Pala, pelos deputados Fabio Porta e Renata Bueno, pelo senador Fausto Longo e pela representante do Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Rita Blasioli.
O primeiro-ministro concluiu dizendo que muitos dos presentes descendiam de famílias que tiveram coragem de subir em um navio em busca de uma vida melhor.   
— É preciso investir nos grandes valores da nossa cultura, para honrar esses familiares — completou Renzi, em continuidade à declaração do deputado Fabio Porta que relembrou, minutos antes, a tragédia de 4 de agosto de 1906, quando afundou o Sirius, um navio de carga transatlântico com emigrantes, quase todos dirigidos ao Brasil, que partira de Gênova. O acidente matou pelo menos 600 pessoas e foi o maior na história da emigração italiana.
O deputado ítalo-brasileiro Fabio Porta continuou:
— Eu não acho que seja uma coincidência que hoje estejamos aqui. A história, como se vê, repete-se, e hoje as águas do Mediterrâneo continuam testemunhando o sacrifício dramático de novos migrantes. Por isso, não se deve esquecer também de investir nos emigrantes de ontem, hoje e amanhã.
O parlamentar citou ainda a importância de se agilizarem processos para os cidadãos.
— Diante da lentidão dos serviços consulares, questão que envolve muitos descendentes, vamos entregar uma petição popular pedindo melhorias em nossos consulados — informou.

Ex-editor de revista e autor de livros, Renzi foi prefeito de Florença antes de assumir o cargo de premier
O presidente do Conselho de Ministros da Itália nasceu em Florença em janeiro de 1975 e cresceu em Rignano sull’Arno. Estudante universitário da Faculdade de Direito, contribuiu para o surgimento dos Comitês de Prodi, seu primeiro compromisso na política. Ele ainda trabalhou como gerente no negócio da família de serviços de marketing e como editor-chefe da revista Camminiamo Insieme. Em setembro de 1999, casou-se com Agnes, uma estudante de letras, atualmente professora. Nesse período, foi secretário provincial e coordenador do La Margherita Fiorentina. Em 2004, foi eleito presidente da província de Florença: durante o seu mandato, reduziu impostos e aumentou o investimento em cultura e meio ambiente. Em 2008, decidiu colocar-se de novo em jogo: rejeitou a proposta do centro de correr para um segundo mandato como presidente da província e, em 29 de setembro, anunciou a candidatura nas primárias do Partido Democrata para prefeito de Florença. Em junho de 2009, ele se tornou prefeito da capital toscana.
Em 2010 é o ano da convenção “Próxima parada: Italy”. Um ano mais tarde, foi a vez de “Big Bang: políticos, escritores, empresários e centenas de pessoas sobem ao palco para expressar as suas ideias sobre a mudança da Itália. Em 13 de setembro de 2012, Matteo Renzi anunciou sua candidatura. Um ano mais tarde, ganhou a competição com 67,5% dos votos, tornando-se secretário do partido. Desde 22 de fevereiro de 2014, na sequência da renúncia de Enrico Letta, após a votação por uma ampla maioria pela administração do Partido Democrata, ele torna-se o mais jovem primeiro-ministro da Itália unificada. Pela editora Rizzoli, publicou os livros Fuori! (2011) e Stilnovo (2012). Em 2013, lançou sua mais recente obra: Oltre la rottamazione, publicado pela Mondadori.