São 158 quilômetros de extensão de rede que permitirão integrar por completo no sistema brasileiro uma grande quantidade de energia elétrica produzida por fontes renováveis
Com um investimento de R$ 109 milhões, a empresa italiana Terna realizou em Brasília a inauguração oficial da Linha de Transmissão Santa Maria/Santo Ângelo 2 que já está em operação no Rio Grande do Sul. A nova linha com 158 quilômetros de extensão de rede que permitirá integrar por completo no sistema brasileiro uma grande quantidade de energia elétrica produzida por fontes renováveis, especialmente a eólica. O novo eletroduto de 230 kV entrou em funcionamento em outubro de 2018, dois meses antes da data acordada com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que, em junho de 2017, realizou um leilão internacional vencido pela empresa italiana.
O anúncio foi realizado pelo diretor executivo da Terna, Luigi Ferraris, e pelos diretores Claudio Marchiori (Terna Brasil) e Giovani Cerchiarini (Terna Plus), durante entrevista coletiva realizada no Hotel Meliã, em Brasília. O trabalho de um ano da Terna, por meio da sua subsidiária Santa Maria Transmissora de Energia, envolveu 10 empresas e 500 técnicos que ficaram responsáveis pela construção, operação e manutenção de duas infraestruturas no Brasil.
Conforme Ferraris, a obra de Santa Maria é de extrema importância para o Rio Grande do Sul já que permitirá a integração da energia produzida pelas plantas eólicas localizadas no Sul do Brasil à rede de transmissão nacional. “Com mais de 80% da eletricidade proveniente de fontes limpas, e com um crescimento da energia eólica de 20% apenas no último ano, o Brasil representa atualmente o maior mercado de energia da América Latina e está entre os cinco primeiros do mundo em termos de potencial de desenvolvimento”, ressaltou. A concessão do serviço da empresa italiana na linha de transmissão Santa Maria 3/Santo Ângelo 2 e no Mato Grosso é de 30 anos.
Além da estrutura no Rio Grande do Sul, a segunda obra da Terna no país – um eletroduto com 500 kV de 350 quilômetros de extensão está sendo construído no estado do Mato Grosso (Jauru/Cuiabá). A previsão é que a operação da estrutura comece no primeiro semestre de 2019. O investimento será de aproximadamente R$ 309 milhões. Segundo Ferraris, a empresa italiana possui capacidade de fazer investimentos em redes de alta tensão em ambientes extremamente complexos e muito povoados.
“O importante para a Terna é construir obras com respeito ao meio ambiente e as comunidades locais”, ressaltou. Conforme o diretor executivo da Terna, em Santa Maria, a empresa manteve diálogos com as comunidades da região. “A Terna tem muita experiência na estocagem de energia e por isso temos capacidade de realizarmos investimentos no Brasil e na América Latina”, destacou.
De acordo com Claudio Marchiori, a empresa italiana possui 73 mil quilômetros de linhas de energia elétrica instaladas na Europa, 25 linhas de interconexões com outros países e quatro mil funcionários. As atividades da Terna no Brasil começaram em 2000 por meio das concessões da Transmissora Nordeste/Sudeste e Novatrans que iniciaram em 2003/2004. Até 2009, a empresa italiana operou no Brasil através da subsidiária Terna Participações, considerada a segunda maior operadora privada de transmissão elétrica no país: a empresa era responsável pela construção, gestão e manutenção de mais de três mil quilômetros de linhas de energia elétrica em virtude de possuir oito concessões.
Com relação a possibilidade de interesse na privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Marchiori afirmou que a empresa italiana recebeu todo o apoio do governo gaúcho e da CEEE para a construção da obra. “Olhamos sempre tudo com muita atenção porque a nossa preocupação máxima é a qualidade e temos condições de investir mais no Brasil”, frisou Ferraris.
Além do Brasil, a Terna venceu em 2017 um leilão no Peru para a construção de uma nova linha de transmissão de 138 kV com extensão de 132 quilômetros que unirá as estações elétrica de Aguaytía e Pucallpa, na região de Ucayali. No Uruguai, a empresa é responsável também pela construção de uma linha de energia elétrica de 500 kV com 213 quilômetros de extensão partindo de Melo e indo até Tacuarembó. (Correio do Povo)