Navio colidiu com barco turístico e cais em canal no centro da movimentada cidade italiana, em plena alta temporada. Incidente acontece em meio à insatisfação crescente de moradores com turismo de massa
Um navio de cruzeiro desgovernado atingiu o cais e um barco turístico no domingo (02), na cidade italiana de Veneza. Pelo menos cinco pessoas no barco turístico atingido pelo cruzeiro ficaram levemente feridas.
O acidente
A colisão aconteceu às 08h30, horário local, no Giudecca Canal, passagem que leva à Praça de Sao Marco, no nordeste da cidade italiana.
Cinco pessoas ficaram levemente feridas no acidente, que aconteceu em São Basílio-Zattere, no Canal Giudecca de Veneza. Os feridos, que estavam a bordo do barco de turismo “River Countness”, foram levados para o hospital.
“O navio MSC teve uma falha no motor, que o capitão informou imediatamente”, declarou Davide Calderan, diretor da empresa de rebocadores responsável por acompanhar a embarcação até a amarração.
Os dois rebocadores que levavam o barco até Giudecca tentaram deter o cruzeiro, que ganhava velocidade, mas as correntes que o amarravam foram quebradas pela pressão, acrescentou Calderan, que disse que o motor da “MSC Opera” estava “bloqueado”.
“O que aconteceu no porto de Veneza é uma confirmação do que temos dito há algum tempo”, tuitou o ministro italiano do Meio Ambiente, Sergio Costa. “Os navios de cruzeiro não devem navegar em frente ao Giudecca, temos trabalhado para movê-los por vários meses […] e estamos próximos de uma solução”, prometeu.
O ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, acrescentou que o governo proporá uma “solução definitiva” até o final de junho.
Boom turístico
Veneza vem debatendo como lidar com o boom turístico na cidade, uma das mais visitadas do mundo.
O centro histórico de Veneza tem cerca de 50 mil habitantes e é visitado todos os anos por entre 20 e 30 milhões de turistas, e só cerca de 20% deles pernoitam na área.
Em 2018, para regular a entrada dos turistas, foram instalados portões nos únicos pontos de entrada terrestre da cidade. Eles são fechados quando se alcança certo número de pessoas. As autoridades também proibiram, por três anos, a abertura de restaurantes de comida rápida, exceto sorveterias.
Veneza deverá cobrar, além disso, ingresso de turistas que ficam apenas um dia na cidade. Quem se hospeda em Veneza já paga uma taxa de hospedagem, que gera cerca de 30 milhões de euros por ano para as autoridades municipais.
Reclamações
Moradores de Veneza há muito tempo se queixam da presença excessiva de turistas, que, segundo os locais, descaracterizam a cidade. Um dos principais alvos de reclamações são os turistas de navios de cruzeiro.
Centenas desses navios chegam todos os anos à famosa cidade italiana e despejam nela milhões de turistas, que descem para conhecer a cidade, passam poucas horas e gastam pouco, mas geram custos de limpeza, além de lotar as áreas públicas.
O turismo de massa é cada vez mais criticado pelos moradores de grandes cidades europeias, como Barcelona, Amsterdã e Veneza.
Entre as principais reclamações estão o encarecimento dos aluguéis devido a serviços como o Airbnb e a descaracterização das cidades por causa da grande circulação de pessoas e do desaparecimento do comércio tradicional em favor de lojas, bares e restaurantes para os turistas.(