Peças com pele animal foram escassas nas coleções de primavera apresentadas no mês passado em Milão e Paris, mas os dois centros da moda de luxo global ainda não aderiram ao boicote total visto na Fashion Week de Londres
Algumas marcas estão resistindo à pressão de grupos de direitos dos animais e de consumidores mais engajados ecologicamente, alimentando um debate que está longe de encerrado na indústria.
A britânica Burberry e a Gucci, do grupo Kering, estão entre marcas famosas que abandonaram o uso de pele recentemente.
Entretanto, a Fendi, grife do grupo LVMH e famosa por seus luxuosos casacos, está relutante em abrir mão de uma de suas marcas registradas.
“É parte da nossa história… e todos são livres para fazer suas escolhas”, disse Venturini Fendi, uma das duas diretoras de criação da marca, antes do desfile em Milão.
Outros preferem ficar em cima do muro.
No mês passado, a marca francesa Hermès disse ainda não ter tomado uma decisão, e a Prada retirou as peles de suas campanhas publicitárias e desfiles para desestimular a demanda, mas não de todas as suas roupas, ainda que seu uso seja mínimo.
A varejista de luxo online Yoox Net-A-Porter também abandonou as peles, e em setembro a cidade norte-americana de Los Angeles decidiu tornar sua venda e fabricação ilegal dentro de seu território.
Entretanto, poucos estão dispostos a descartar o uso de peles exóticas, como a de crocodilo —uma questão menos polêmica entre consumidores, mas igualmente controversa entre ativistas, ainda que alguns fabricantes tenham investido em seus próprios criadouros para melhorar as condições de vida dos animais.
No desfile da Gucci em Paris, o couro de cobra apareceu em calças e vestidos, e a Saint Laurent apresentou botas de couro de serpente. Em Milão, o couro de cobra foi usado nas coleções da Cavalli.
Anissa Putois, porta-voz francesa do grupo de direitos dos animais Peta, disse querer que as grifes descartem todo tipo de couro animal, mas frisou que suas campanhas contra o uso de peles foram as mais bem-sucedidas.
(Reuters)