Com 100% das seções apuradas, o ex-membro do partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI) Nello Musumeci, apoiado pela direita moderada e por legendas ultranacionalistas, será o novo governador da Sicília.
O candidato obteve 39,9% dos votos, contra 34,6% do segundo colocado na disputa, Giancarlo Cancelleri, do Movimento 5 Estrelas (M5S). Aos 62 anos de idade e ex-subsecretario do Ministério do Trabalho em um dos governos de Silvio Berlusconi, Musumeci militou por 25 anos no MSI, partido fundado por expoentes do regime fascista de Benito Mussolini.
Apesar disso, ele garante nunca ter se reconhecido como “fascista”. Nas eleições regionais deste ano, conseguiu o apoio do moderado Força Itália (FI), partido criado e presidido por Berlusconi, e dos ultranacionalistas Liga Norte e Irmãos de Itália, em um possível ensaio para uma aliança em âmbito nacional em 2018.
Repercussão
“Quero agradecer aos sicilianos por terem acolhido meu apelo. A Sicília escolheu o caminho da mudança, uma mudança de verdade, séria, construtiva, baseada na honestidade, na competência e na experiência. A vitória de Musumeci é a vitória dos moderados que acreditam em um futuro melhor”, comemorou Berlusconi em uma mensagem no Facebook.
Com sua derrota sacramentada, Cancelleri discursou no comitê eleitoral do M5S, em Caltanissetta, e disse que não ligará para parabenizar Musumeci. “Não chamarei o vencedor porque, do contrário, teria de chamar todos aqueles que venceram com ele.
Essa é uma vitória contaminada pelos ‘impresentáveis’ e pela cumplicidade da imprensa nacional”, declarou.
O Movimento 5 Estrelas acusa Musumeci de candidatar pessoas suspeitas ou acusadas de ligações com a máfia e com o crime organizado para assentos na assembleia legislativa regional. Por conta disso, chegou a pedir que as eleições na Sicília fossem acompanhadas por observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce).
Outra marca da votação na quarta região mais populosa da Itália é a elevada abstenção: apenas 46,76% dos eleitores compareceram às urnas, em mais um sinal do desencanto dos italianos com a política tradicional.
O Partido Democrático (PD), legenda que governa o país atualmente, amarga somente a terceira posição na disputa pelo comando da Sicília, com Fabrizio Micari, que tem, até agora, 18,6% dos votos. (ANSA)