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Dos ares e da terra

Que fascinante é o espaço. Ele exerce sobre nós, a cada dia e a cada noite, influencia direta que permanece no nosso imaginário pelo desconhecido. Desde sempre buscamos respostas além da atmosfera terrestre. Com o avanço da tecnologia e os problemas que surgem na Terra com velocidade, as missões em naves não tripuladas ou com astronautas são cada vez mais frequentes e importantes para descobertas sobre os seres humanos e a natureza deste planeta e de outros. Uma ampla reportagem de capa realizada pela nossa correspondente em Roma, Gina Marques, com entrevista exclusiva à simpática astronauta italiana Samantha Cristoforetti nos mostra um pouco da influencia que pesquisas espaciais trazem no nosso dia a dia.
Por outro lado, segundo os cientistas, a queda de meteoritos não é uma possibilidade, mas sim uma certeza. Trata-se de saber quando, como e aonde vai acontecer. Os mesmos afirmam que ao menos duas vezes na história da existência do planeta eles provocaram extinção em massa. Mas também dizem que nos próximos 100 anos a probabilidade de um “grande projétil” com diâmetro maior que 10 quilômetros cair por aqui é quase nula. O céu é monitorado permanentemente. Os estatísticos mostram que uma vez em cada cem milhões de anos um evento devastante acontece. Outro com capacidade de destruir um continente, uma vez em cada cem mil anos, já o mesmo que aconteceu em Tunguska, na Sibéria russa, em 1908, quando um meteorito com diâmetro de cerca de 150 metros explodiu na atmosfera destruindo plantas e animais num raio de 1200 quilômetros tem probabilidade de acontecer a cada 750 anos. Meteoros pequenos caem com certa frequência por isso é importante ter atenção aos céus.
Mas, ainda antes da camada de ozônio, neste mundo temos muito pra resolver. No passado pensávamos que a abundancia de recursos hídricos e energia a baixo custo seriam suficientes para suportar uma agricultura moderna, a partir de um clima estável. Os dados sobre a situação do setor agrícola, no entanto, nos mostram o contrário. Os sistemas de cultivo sofreram profundas reformas e, devido à falta de regulação ecológica, as monoculturas estão dependentes de pesticidas. São 2,6 milhões de toneladas ao ano de produtos químicos em lavouras, o que gera numa escala global um giro de negócios na ordem de 25 bilhões de dólares.
Enquanto isso, uma em cada oito pessoas sofre com a fome ainda hoje. Um bilhão de pessoas que não tem acesso a alimentos suficientes e de qualidade para uma vida ativa e saudável. O problema como se sabe é a pobreza e a desigualdade social. Parece natural que a humanidade elabore um novo paradigma de desenvolvimento agrícola alternativo, fundamentado em sistema produtivo ecológico num quadro de maior justiça social. Uma cultura de expansão de pequenos produtores rurais em quantidade pode trazer mais qualidade aos alimentos e acabar com a fome desse e dos próximos tempos. Que a Expo de Milão, que vai de 1º de maio a 30 de outubro do próximo ano com o tema da produção sustentável, não seja somente uma grande festa das nações, mas traga também soluções.
Desejamos um feliz Natal e um ótimo 2015, com mais biodiversidade para todos nós.
Boa leitura!