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A metade italiana da maçã

A grande metrópole americana tem um novo prefeito. Bill De Blasio, o novo chefe de Nova York, ganhou as eleições em meio a uma campanha que ressaltou suas origens italianas. O sucessor de Michael Bloomberg, que teve mais de 70% dos votos, reivindicou em vários momentos o orgulho de suas origens na pequena cidade de Sant’Agata dei Goti, província de Benevento, na Campânia, de onde sua família saiu ainda antes de 1900. Em seus discursos, fiel ao partido Democrático, as conquistas das minorias negras, hispânicas e hebraicas juntaram-se às frases que evocavam as conquistas da imigração italiana para atrair um eleitorado que soma mais de três milhões de cidadãos de origem italiana, de uma população total de 8,2 milhões na região central e outros 12 milhões no entorno urbano.
Por lá, a comunidade itálica se destaca com nomes importantes em setores como a moda, as finanças, a magistratura e a alta gastronomia, no lugar de outros que no passado foram importantes construtores, importadores, juízes e comerciantes. Não assusta mais a palavra máfia, que por décadas foi usada como rótulo e responsável por calúnias e difamações em pleitos passados.
Ainda na última noite antes do voto do último dia 5 de novembro, o próprio Bloomberg dedicou-se às excelências italianas da Big Apple. Numa recepção organizada pelo importante Instituto Italiano de Cultura da cidade, que juntou representantes de grande fatia do PIB nova-iorquino para celebrar a memória de Giovanni Agnelli, na presença do neto John Elkann, que preside o Grupo Fiat nos EUA, a arte da Itália que influenciou diretamente a sociedade americana foi aplaudida de pé. Aliás, poderia servir de inspiração à unidade do Rio de Janeiro que, lamentavelmente, naquela mesma noite, deixou os convidados Vips presentes à inauguração da 9ª Mostra Venezia Cinema no Brasil a ver navios, e mais de 200 pessoas abandonaram a sala do Espaço Itaú de Cinema em Botafogo desiludidas por não terem visto o campeão da mostra veneziana deste ano, “Sacro Gra”. Entre os participantes estava o ativo embaixador Raffaele Trombetta, que nada pôde fazer diante de um problema técnico. Simplesmente faltou conferir o código e testar a exibição da película europeia.
Mais da metade dos 52 milhões de turistas que chegam à Nova York a cada ano, segundo pesquisas, vão em busca de cultura. Isso é um alerta para o Brasil, que deve garantir que os turistas voltem nos anos sucessivos aos grandes eventos.
Boa leitura!