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Quando a seleção italiana de futebol desembarcou por aqui, no último dia seis, trouxe para o país muito mais do que o futebol tetra-campeão mundial. Logo ao descerem as escadas do voo Alitalia AZ8080 no aeroporto do Galeão, o que se via era o estilo impresso nos ternos Dolce & Gabbana da Squadra Azzurra.
A participação vitoriosa da Itália em mundiais e sua grande estrutura para a indústria do futebol que abriga jogadores e patrocinadores de todo o mundo são marcas de que o país não entra em campo para brincar. Nesta Copa não será diferente. No grupo considerado o mais difícil, ao lado de Inglaterra, Uruguai e Costa Rica, a seleção italiana vai buscar passar a fase inicial movida pela seriedade e profissionalismo com que a sua equipe encara a rotina de preparação. Além disso, uma campanha positiva diante dos holofotes planetários é um motor a mais para o momento que o país atravessa, de retomada de sua economia.
Por isso, o presidente da República, Giorgio Napolitano, manda um recado direto: “não podemos nos contentar com pouco”.
O técnico Cesare Prandelli, que dá declarações precisas e inteligentes, concorda com Napolitano. Pontos de força desta seleção, Prandelli e o médico Enrico Castellacci promovem a dieta mediterrânea e os produtos italianos na alimentação de seus atletas. Estratégias de preparação e marketing à parte, a convocação dos 23 jogadores simboliza uma Itália aberta com uma formação com estrangeiros naturalizados e o primeiro negro a vestir o uniforme da nazionale. Em suas entrevistas, o técnico da Azzurra sempre destaca a preocupação com o campeonato dentro e fora das quatro linhas e é assertivo quando diz que toda essa mobilização deve servir para o desenvolvimento humano e social.
E se por um lado existe a rivalidade entre penta e tetra campeões, por outro está claro que a Itália conta com a simpatia dos brasileiros em todas as cidades. Os tifosi que chegam ao país sabem que aqui existe uma fábrica de excelentes jogadores. A maioria deles joga nos campos da Itália. E aqui também se encontram centenas de empresas italianas que investem na economia brasileira e constroem uma história onde paixão, mercado e amizade se misturam.
Já na primeira partida em Manaus, o prefeito Artur Neto declarou que torce pelos italianos. E não é por a caso. A imigração gerou desenvolvimento na região durante o chamado ciclo da borracha e a presença italiana é vista em monumentos como o Teatro Amazonas. Em todo o Brasil, a presença de italianos e descendentes chega a cerca de 30 milhões. Um contingente que se divide entre duas torcidas e que tem orgulho de suas raízes.
Boa leitura!