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É tempo de balanço, de novas perspectivas diante de uma eleição histórica. O cenário mudou completamente após a trágica morte do líder do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos. Sobre ele, que também tinha grande relação com a Itália, falamos nesta edição.
Mas a reviravolta que tornou este um pleito muito mais emocionante se dá pelo fenômeno Marina Silva. De origem humilde, analfabeta até os 16 anos, ela é considerada das mais influentes ambientalistas do mundo, companheira de lutas de Chico Mendes na defesa da Amazônia. A este perfil, já naturalmente carismático ao eleitorado desiludido, soma-se o fato de ser a primeira candidata negra à presidência da República. Ela ainda conseguiu agrupar – ao menos pelo que mostram as atuais pesquisas a poucas semanas do voto no primeiro turno – o consenso de jovens progressistas e devotos da igreja pentecostal (que somam 22% da população).
Tanto o Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB), de Aécio Neves, como o PSB, convergem e são muito críticos em relação às políticas macroeconômicas do Governo Dilma Rousseff. Os principais pontos são a inflação crescente, falta de incentivos para investimentos privados na infraestrutura e a necessidade de simplificação do arcaico sistema fiscal do país. Aliás, esse último, responsável pelo péssimo desempenho do Brasil para o ease of doing business, classificado em 116º no ranking do World Bank.
Um dos nós para os adversários é saber o que será proposto em relação ao agribusiness, por exemplo, que hoje representa 22% do PIB e é responsável por 44% das exportações. Um setor que requer importantes investimentos e novas tecnologias. Uma escolha que não pode ser ideológica, assim como a tomada de decisões na qualidade do sistema de educação e de saúde, que estão longe do patamar de um país que figura entre potências econômicas.
Aos cidadãos, como revista a serviço dos ítalo-brasileiros, dizemos que é necessário que as pessoas comuns sejam partícipes da vida pública e não sejam apenas espectadores. Fazer apenas o que interessa a cada um parece cada vez mais comum do que pensar no coletivo. Esse individualismo é a origem do mal que cresce nas instituições políticas e governamentais. Sentimento que acaba por privar-nos do sentido de Estado. O Brasil, assim como a Itália, torna-se um país onde todos criticam tudo. Por fim, chega-se ao “voto nulo”. Pensamento deletério que, simplesmente, dá de graça o próprio voto a quem está propenso a degradar e tolher de nós uma evolução.
É necessário sair da zona de conforto e se perguntar o que fazer para mudar. Parar de cuspir da janela – que nestes tempos pode ser também o Facebook – em quem quer construir algo e ajudar a colocar os tijolos no lugar. Voltar a atenção para o próximo e sermos críticos com nossos atos é essencial para que não se acabe falindo uma nação.
Bom voto! Boa leitura!