Comunità Italiana

Editorial

Mais vida

No dia internacional do trabalho, tivemos dois grandes acontecimentos que acabaram por se tornar símbolos midiáticos. A beatificação de Karol Wojtyla e o anúncio da morte do líder terrorista Osama bin Laden. A celebração da vida e da esperança em torno do Papa João Paulo II atraiu mais de um milhão de fiéis a Roma. Um personagem que sabia dialogar com as massas e elevou o carisma da Igreja Católica no mundo. Já as comemorações pela morte do homem que desafiou os Estados Unidos ao levar a morte e a destruição para dentro do território americano, vieram algumas horas depois, em tom de justiça. Os festejos pela eliminação do cérebro da Al-Qaeda, anunciado em pronunciamento do presidente Barack Obama ao vivo pela televisão, às 23h35 de domingo, 1º de maio, ofuscou de certa forma a festa do Vaticano nos noticiários de todo o mundo. Líderes mundiais emitiram comunicados quase que imediatos demonstrando satisfação pelo anúncio feito por Obama.

Mas, se a morte do terrorista cura uma dor de cabeça antiga dos EUA, os aliados sabem do risco que correm pela vingança do homem que grupos talibãs já consideram um mártir. A Itália, que tem suas contas a acertar com a Líbia por ter aceitado, após insistente pressão dos membros da Otan e sucessivos telefonemas de Obama, entrar na guerra contra as tropas de Muamar Gadafi, fica em alerta máximo para o risco de ataques de todo tipo. E pensar que quem deu o pontapé inicial e precipitado para o conflito com o ex-aliado Gadafi – parceiro econômico que assumia o acordo de controlar a imigração ilegal – foi o vizinho Nicolas Sarkozy. Numa tentativa de mostrar sua musculatura, que estava encolhida nos últimos tempos em que perde cada vez mais espaço para a oposição, o pequeno presidente francês encarnou Napoleão e com prepotência peculiar foi o primeiro a disparar, em 19 de março, contra os blindados líbios.

Mas, apesar da tensão em torno da segurança, o presidente americano disse no day after ao assassinato do terrorista que o mundo estava mais tranquilo.

Vale recordar as sábias palavras do agora beato Wojtyla: “O homem de hoje parece estar sempre ameaçado por aquilo mesmo que produz; ou seja, pelo resultado do trabalho das suas mãos e, ainda mais, pelo resultado do trabalho da sua inteligência e das tendências da sua vontade. Os frutos desta multiforme atividade do homem, com muita rapidez e de modo muitas vezes imprevisível, passam a ser, não tanto objeto de ‘alienação’, no sentido de que são simplesmente tirados àquele que os produz, quanto, ao menos parcialmente e num círculo consequente e indireto dos seus efeitos, tais frutos se voltam contra o próprio homem”.

Nesta edição, trazemos uma bela capa de Pernambuco. Recife já fora, há um século, um dos epicentros do país. Na época em que o açúcar pagava as contas, aquela região transbordava em cultura. Depois de crises econômicas e principalmente de governos descomprometidos, o território pernambucano perdeu espaço para outros centros. Mas se a beleza exuberante de suas praias, o rico folclore e as artes atraíram até agora turistas em busca de férias, uma realidade toma conta do cenário: Suape. Com um porto natural de 20 metros de profundidade, ali passa a ser o portão de entrada e de saída de mercadorias do Brasil. A reboque, um enorme estaleiro já está em operação, além de outros dois em produção; obras de construção de duas petroquímicas; uma fábrica de turbinas eólicas com atividade plena; e a decisão da Fiat de construir uma fábrica onde investirá 1 bilhão e 200 milhões de euros.

O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, esteve na Itália para firmar o acordo com a montadora italiana e aproveitou para mostrar as oportunidades de comércio e investimentos em sua região para uma platéia de empresários ávidos por informações do eldorado.

Boa leitura!