{mosimage}Consertar custa caro
A última edição do ano traz o Papai Noel Mario Monti na capa. Não é dito que ele traga somente bons presentes e que de sua sacola saiam pacotes capazes de fazer sorrir imediatamente. Apelidado de super Mario e bem aceito inicialmente por todos, o novo presidente do Conselho de Ministros, em seu primeiro mês no cargo, já viveu a experiência de duros protestos em uma greve geral, no último dia 12, organizada pelos sindicatos descontentes com as medidas impostas aos trabalhadores e cidadãos italianos. Chamado ao trabalho pelo presidente da República Giorgio Napolitano, ele foi colocado ali não para lançar medidas populares, mas para enfrentar um débito público de quase quatro trilhões de euros.
Era de se esperar que a população fosse chamada ao sacrifício. É assim que acontece quando a máquina pública desestabiliza as contas e provoca uma crise. O povo que elegeu seus administradores – importante recordar que a dívida pública equivalente a 120% do PIB não foi gerada somente pelo governo Berlusconi – paga o pato. Nós, num recente passado, conhecemos bem essa faceta da democracia que gera um totalitarismo burocrático, que suspende garantias, liberdade e direitos adquiridos, afinal tivemos experiências múltiplas de planos escabrosos. Um deles confiscou/congelou até mesmo a poupança dos brasileiros.
Se a economia não cresce é porque as instituições políticas, econômicas e sociais são mais fechadas que abertas e o capitalismo italiano – repleto de empresas subsidiadas pela mão pública e governadas por pactos sindicais – não acompanha a evolução do mundo industrializado. A sociedade civil está diante de uma corporação que penaliza o mérito e atrasa a alternância de gerações. Por enquanto, as medidas de Monti se limitam a tecnicidade fiscal. Para ganhar tempo, deu aos partners europeus a demonstração de que a Itália está disposta a sacrifícios. Mas os próximos passos devem ser em direção a um projeto de reformas que faça com que o país se desenvolva.
Na matéria de nossa nova correspondente em Roma, a experiente jornalista Gina Marques mostra quem é o escolhido para salvar a pátria e entrevista o ex-premier Massimo D’Alema, deputado que é um ícone da esquerda italiana e diz que os títulos italianos são um excelente investimento.
Nesta edição o leitor conhecerá o novo embaixador do Brasil na Santa Sé, que abre as portas da belíssima casa onde viveu Caravaggio, o Palácio Caetani em Roma, para dar detalhes da ostentosa cerimônia de posse e de como será a relação Brasil/Vaticano. Almir Franco de Sá Barbuda será o nome chave na organização da 48ª Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro em julho de 2013 com a presença do papa Bento XVI.
Ainda neste número, poderá se deleitar com a deliciosa simpatia da estrela da bossa nova Miúcha, que em uma entrevista reveladora à repórter Cintia Castro, conta como a Roma dos anos 50 “pegava fogo”.
Boa leitura, feliz Natal e um 2012 repleto de notícias melhores a todos!