{mosimage}Ricos sim
O utro dia, num almoço com o amigo Antenor Barros Leal, grande empresário e presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, ouvi dele uma frase emblemática, daquelas que de tão reais e óbvias nos tocam rapidamente: “O Brasil ficou rico antes de se desenvolver”. Pois é uma verdade absoluta a qual somos, e seremos ainda por algum tempo, obrigados a conviver. Os preços nas alturas dos imóveis nos principais centros desenvolvidos do país ou nos restaurantes bem frequentados não levam isso em consideração. Não adianta a riqueza se não temos infraestrutura para que o cidadão não perca tanto tempo no trânsito ou, em muitos casos, que sofra com a falta do básico, água e esgoto tratados, iluminação pública adequada, hospitais públicos desequipados e outros quesitos que todos sabemos. A população brasileira ainda é carente e, principalmente, em Educação. E ai é ponto de partida pra tudo funcionar. Os anúncios recentes de investimentos neste setor são animadores e darão resultados.
Por outro lado, bilhões estão sendo empregados na construção de ginásios e arenas, mas isso não representa 20% do que o País deve investir nos próximos anos, em portos, estradas, aeroportos, ferrovias, transporte urbano, saneamento e habitação. A tecnologia italiana, reconhecida e empregada em diversos setores, seguramente é muito bem vinda para se associar a estas grandes obras. Por isso, teremos aqui entre os próximos dias 18 e 20 de setembro, o ministro do Desenvolvimento Econômico, da Infraestrutura e dos Transportes da Itália, Corrado Passera, que vem pela primeira vez ao Brasil, para encontros com empresários e lideranças políticas. No dia 19 profere palestra para empresários e autoridades governamentais sobre o tema “Brasil e Itália, desafios e oportunidades na atual conjuntura econômica mundial”, na FGV, em São Paulo. Para a Itália, o Brasil representa um mercado prioritário. É o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Europa e o oitavo no mundo. Cerca de 500 empresas italianas, num total de 700 estabelecimentos comerciais e industriais, têm presença direta no Brasil, número aumenta a cada ano.
Como terceira maior economia da zona do euro e segunda potência manufatureira, a Itália colocou em prática uma estratégia para a retomada do crescimento econômico, que cria condições mais favoráveis para a internacionalização, o estabelecimento e a criação de novas empresas e a atração de investimentos estrangeiros. No último dia 11 de setembro, o vice-presidente da República Michel Temer foi recebido em Roma pelo presidente italiano Giorgio Napolitano justamente pelas oportunidades existentes entre os dois países. Na ocasião, Temer e Napolitano acertaram a ida, em 2013, de uma comitiva de empresários brasileiros interessados em investir na bota.
Por aqui a autoridade econômica procura estimular os empresários a aumentar os seus investimentos, não se deixando levar pela onda de negativismo. Enquanto emplacamos o quarto ano de uma crise financeira mundial, o incentivo é importante, mas alguns fatores ainda emperram o empresário nacional. Nossa carga tributária é exagerada, mesmo com as medidas de desoneração que o governo adota; porque temos taxas de juros obcenas (apesar do esforço do governo Federal em baixar a Selic) e devido à taxa de câmbio estar sobrevalorizada.
É acertada a decisão do governo em reduzir a taxa de juros, tomar iniciativas de desoneração tributária e agir para dar mais equilíbrio ao câmbio, porque cria perspectivas de melhorar a demanda e estimula o investimento na produção. Agora tem que ser capaz também de ampliar, com a cooperação dos estados, os prazos de pagamento dos impostos que são recolhidos, em média, sete semanas antes de o produtor receber a fatura. Quando as pequenas e médias empresas se consolidarem com estabilidade e aumento líquido de caixa, teremos o sinal de que o País caminha para um desenvolvimento sustentável.
Educação e infraestrutura são fundamentais para estufarmos o peito e dizermos: somos ricos e desenvolvidos!
Boa leitura!