Outro marco de Santa Maria
{mosimage}A tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, comoveu o mundo pela violência com que tirou as vidas de 237 jovens. Até o momento 91 continuam internados. Meninos e meninas que se apresentavam em grande forma e beleza, que se vestiram para uma confraternização da turma da faculdade.
Em meio a tantos nomes de uma listagem insólita de vítimas, surpreende a quantidade de sobrenomes italianos. Isso porque naquela região, também conhecida como Quarta Colônia de Imigração Italiana, os imigrantes chegaram no século XIX. Radicaram-se e se desenvolveram a partir de maio de 1878. Seus descendentes são orgulhosos da história de suas famílias que desbravaram a localidade e transformaram-na num dos mais belos roteiros do país. A origem veneta da maioria da população, que é tão festejada ao longo dos anos, aparece também na dramática identificação de corpos estendidos no chão.
O incêndio na boate Kiss é um marco negativo que fez chorar o Brasil. Que coloca em xeque o potencial da nação de gerir pequenos e grandes desafios como os grandes eventos que estão para acontecer em breve. Porque o desastre de Santa Maria não é natural e tem que ser encarado como um alerta de que se chegou ao limite. A imprudência e o descaso com o ser humano praticado dentro daquele alçapão tem culpados nas mais altas esferas. Mais de 100 dos corpos encontrados estavam dentro dos banheiros por onde esperavam sair pelas janelas que estavam lacradas pelo revestimento em madeira da fachada. O dono da boate é culpado assim como quem comanda a Segurança do Estado. Tarso Genro, ex-ministro da Justiça e atual governador do Rio Grande do Sul, aquele que concedeu o status de refugiado ao assassino italiano Cesare Battisti, desrespeitou a Justiça italiana, ignorou um tratado de extradição, violou as regras para a concessão de refúgio para dar guarida a um assassino não deve ser poupado e cobrado com firmeza pelo ocorrido.
Em 2004, nossos vizinhos argentinos sofreram com um incêndio que deixou 194 mortos na boate República Cromañón, em Buenos Aires. O episódio similar provocou uma série de mudanças na segurança das casas noturnas da capital e levou à renúncia vários políticos da cidade e o próprio prefeito.
É hora de vermos o mesmo rigor que é adotado contra motoristas nas operações Lei Seca contra os infratores que se utilizam muitas vezes do “jeitinho” para um ambiente permissivo, de leniência, de negociatas e de subornos promovidos muitas vezes pela própria burocracia do sistema. Em Nova York, o prefeito Rudolph Giuliani deu outro status à cidade, na década de 90, quando implantou o modelo de “Tolerância Zero”, em que reprimiu quem cometia os mais corriqueiros delitos, como multar quem joga papel na rua.
As leis existem, mas precisam ser aplicadas para proteger os cidadãos honestos. Prevenção e vigilância são problemas constantes na sociedade brasileira que vitimam centenas de pessoas em calamidades como essa ou como nas enchentes e deslizamentos provocados pelas chuvas. Ao mudar conscientemente o comportamento para garantir e cobrar o cumprimento das regras, uma comunidade garante o próprio bem e evita a infiltração da criminalidade nas instituições que a representa.
Essas são algumas das famílias originalmente venetas que perderam seus filhos: Baú, Dallagnol, Cassol, Romagna, Foggiatto, Pozzobon, Pozzer, Giacomelli, Pittol, Gatto, Brondani, Simeone, Dariva, Marostega, Ruggeri, Aita, Andreatta, Berleze, DaRin, Cecchin, Pellin, Viziolle, Parcianello, Trentin, Azzolin, Toniolo, Vendruscolo, Carabagiale,Fogiato, Donati, Steffanello Piovesan, Battistella, Callegari, Dal Forno, Salla, Callegaro, Antolini, Marconatto, Uggeri e Saccol.