Comunità conversou com os candidatos residentes na Itália que concorrem a uma vaga de deputado pela América do Sul
Entre as novidades introduzidas pela lei eleitoral, há uma conhecida como Legge salva Verdini, que permite aos italianos residentes na Itália candidatar-se a uma das circunscrições no exterior. A lei entrou em vigor a partir destas eleições. Na América do Sul, duas listas — Movimento 5 Stelle e + Europa — apresentam candidatos residentes na Itália que mantêm vínculos com o continente ou que contam com experiências de vida no exterior.
Comunità conversou com alguns deles.
Sandro Billi encabeça a lista dos candidatos a deputado de + Europa. Empreendedor e consultor, morou no Brasil e nos Estados Unidos.
— Vivenciei diretamente a experiência de italiano no exterior. Por esta razão, decidi me envolver numa atividade política que possa melhorar as condições e as oportunidades daqueles que, por escolha, necessidade ou origem, residem fora da Itália, mas mantêm um vínculo com o país — explica Billi.
O argentino Walter Barberis mora na Itália há 15 anos, é arquiteto e fundador da Smart Planning Network.
— A comunidade de italianos que vivem no Brasil tem direito de sentir-se mais perto do seu país, das instituições, mas também das oportunidades que têm como cidadão pertencente à União Europeia. Queremos que os residentes no exterior tenham acesso à formação continuada, a maior estabilidade de trabalho, econômica e cultural — afirma Barberis, resumindo o programa do partido.
A romana Monica Lucarelli é gerente de sustentabilidade e desenvolve projetos sociais para Amnesty International. Ela acredita que, apesar da crise econômica que afetou Itália e Brasil, ambos são países estratégicos.
— É necessário criar ainda mais sinergias através da promoção das relações entre quem reside no Brasil e os que moram na Itália, da criação de canais preferenciais de comunicação, da simplificação dos procedimentos burocráticos e do incentivo da troca mútua de conhecimentos sobre oportunidades comerciais e produtivas — explica a candidata.
Em relação aos serviços consulares, os três candidatos são unânimes: é preciso simplificar e agilizar os processos burocráticos e implementar a digitalização, pois são uns dos pontos do programa do +Europa.
Já o programa do M5S prevê a possibilidade de manter o direito à assistência médica italiana, mesmo para aqueles que residem fora da Itália; a simplificação dos procedimentos burocráticos; e o reconhecimento dos títulos de estudo.
Candidatos moraram no exterior ou mantêm vínculos na América do Sul
Atualmente residente em Abruzzo, Andrea Daniele Barassi viveu por oito anos na Espanha e na República Dominicana. Para ele, é fundamental a reorganização das instituições no exterior e a informatização dos serviços.
— Quem promete velocidade nas práticas de cidadania mente, pois são complicadas e retardam os trabalhos dos consulados, sendo processos muito longos — alerta o cirurgião-dentista.
Embora residente na Itália, o analista financeiro Giorgio Grassi mantém laços com o Brasil, para onde viaja com frequência. Ele é membro da associação Itália-Porto Alegre. Entre as propostas do M5S, ele ressalta a possibilidade, pagando uma pequena taxa, de poder acessar o sistema sanitário italiano, pois muitos italianos no exterior não se registram no AIRE para não perder a assistência sanitária na Itália.
— No que diz respeito às empresas, é preciso acelerar os tempos de desembaraço aduaneiro de partida e chegada dos bens mediante a celebração de acordos com o governo brasileiro — sintetiza o italiano.
O empresário no setor do turismo, Nicola L’Abbate, considera que é preciso preparar uma rede específica, digital e real, para apoiar a inclusão completa dos italianos no exterior.
— Para isso, o governo deve estabelecer relações mais estreitas com as autoridades locais a fim de promover a remoção de barreiras burocráticas e processuais, respeitando as leis e as tradições de todos os países da América Latina — explica o candidato, que morou no México, França e Espanha.