Comunità Italiana

Em busca de ares melhores

{mosimage}Prefeitos do C-40 firmam acordo para reduzir os gases de efeito estufa em 1 bilhão de toneladas até 2030

Para discutir propostas sustentáveis para as várias cidades do mundo, o Fórum Humanidade 2012 promoveu a Cúpula dos Prefeitos do Climate Leadership Group, conhecido como o grupo C-40. No evento, líderes mundiais discutiram medidas para enfrentar as mudanças climáticas e outros problemas urbanos. Juntas, as cidades respondem por 21% do PIB mundial e somam 544 milhões de habitantes, números que demonstram a importância do grupo. Os prefeitos de Nova York, Michael Bloomberg; do Rio, Eduardo Paes; e de São Paulo, Gilberto Kassab, foram alguns dos políticos que compareceram ao evento. Os prefeitos de Milão e Roma, Giuliano Pisapia e Gianni Alemanno, fazem parte do C-40 e compartilharam das decisões anunciadas, mas não compareceram ao evento na capital fluminense.
O tema principal do evento, porém, foi a redução da emissão de gases de efeito estufa: os prefeitos assinaram um acordo que prevê a sua redução em 400 milhões de toneladas até 2020 e em 1 bilhão de toneladas até 2030. A decisão faz parte do documento enviado aos chefes de Estado que participaram da Conferência Ambiental da ONU. O histórico de poluição assusta. Somente em 2010, foram lançadas 1,7 bilhão de toneladas de gases poluentes na atmosfera das 59 cidades do grupo.
A proposta de redução dos gases foi apresentada pelo prefeito de Nova York e também presidente do C-40, Michael Bloomberg. O representante americano ressaltou que as ações sustentáveis são menos dispendiosas e que, a longo prazo, podem prevenir muitas situações problemáticas para as cidades.
— Desde a conferência de 1992, os governos federais foram incapazes de se reunir e fazer algo. Mas as cidades têm feito. Elas não podem apenas se sentar e ficar discutindo legislação com metas para daqui a 20 ou 30 anos. Seria mais barato converter o plano de energia com uso de carvão para gás natural, ou parar de poluir a água para não ter que filtrá-la. Seria muito melhor se deixássemos de poluir para depois não termos que gastar dinheiro retirando essa poluição do ambiente. Estão sendo feitos muitos esforços na direção da bioeficiência. Acho que esse é um novo conceito a ser implantado no mundo — ressaltou Bloomberg.
Criado em 2005 pelo prefeito de Londres Ken Livingstone, o grupo C-40 ganhou impulso por meio da parceria com a fundação Clinton Climate Initiative (CCI), em 2006. Seus projetos visam o aumento do acesso à energia limpa, a redução do desflorestamento e a redução da emissão de carbono em cidades. Diminuir a dependência de combustíveis fósseis e interromper a emissão de gases dos aterros eliminando os lixões também são metas deles.
O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton participou da abertura do encontro por videoconferência. Ele ressaltou que as cidades são responsáveis por 75% das emissões de gás carbônico do planeta. Clinton também falou da necessidade da troca da iluminação pública por luzes LED, da recertificação de prédios públicos e escolas, e da substituição do transporte público movido a combustíveis fósseis por fontes mais limpas, como o biocombustível. 

Projetos urbanísticos do Rio são apresentados
O prefeito anfitrião, Eduardo Paes, propôs a criação de metas parciais que devem apresentar resultados dentro do tempo proposto. Um dos pontos defendidos por Paes é a diminuição, para todos os integrantes do C-40, de 12% dos gases estufa até 2016. Paes alega que o objetivo pode ser alcançado, no Rio, com o fechamento do aterro sanitário de Gramacho, que aconteceu em junho, e através da instalação dos BRTs, os corredores exclusivos para ônibus. De acordo com a pesquisa do Carbon Disclousure Project (CDP), 64% das iniciativas climáticas são financiadas pelas cidades. Por isso, ele considera que as decisões dos prefeitos independem da conferência oficial.
— Toda vez em que emitimos gases de efeito estufa, estamos aquecendo a camada de ozônio, aumentando as temperaturas e o nível dos oceanos. No final do dia, são os prefeitos que sentem na pele. Cidades como o Rio e São Paulo têm chuvas cada vez mais intensas e problemáticas. Seria muito confortável esperar que chefes de Estado fizessem tudo. Os prefeitos podem ir tomando atitudes, independentemente dos grandes acordos — disse.
Paes acrescentou que, pelo fato de sediar a Conferência Ambiental da ONU e por abrigar eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a cidade se vê obrigada a cumprir os compromissos assumidos na Cúpula dos Prefeitos.
Ao longo do encontro, também discutiu-se a reestruturação dos transportes e a revisão do conceito de mobilidade. Foram apresentados o projeto de revitalização da zona portuária do Rio e o programa de reurbanização de comunidades cariocas. O vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, enfatizou que esses projetos são exemplos de reordenação da população nas áreas mais pobres, e que grandes eventos como as Olimpíadas ajudam a concretizar esses planos de melhorias para a cidade.