O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, fez nesta segunda-feira (2) um apelo para eleitores do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e do social-democrata Partido Democrático (PD) apoiarem um governo de coalizão entre as duas legendas.
Encarregado pelo presidente Sergio Mattarella de costurar uma nova aliança, Conte se reuniu nesta segunda com delegações de M5S e PD, que tentam desfazer os últimos entraves nas tratativas entre dois partidos historicamente adversários.
Embora oficialmente independente, o primeiro-ministro é próximo ao movimento antissistema e foi alvo constante de críticas do PD durante seu primeiro ano de governo, quando encabeçou uma coalizão entre o M5S e a ultranacionalista Liga, de Matteo Salvini.
“Pedi aos responsáveis políticos que se concentrem exclusivamente nos problemas que impedem que os cidadãos tenham uma vida melhor. Temos hoje uma grande oportunidade de melhorar a Itália e fazer o bem pelo país”, afirmou Conte em uma transmissão ao vivo no Facebook.
Em seguida, o primeiro-ministro se dirigiu diretamente aos eleitores dos dois partidos que podem formar o novo governo.
“Não ignoro as razões de perplexidade. Penso nos eleitores do Movimento 5 Estrelas. Lembro a vocês que o M5S sempre disse de modo claro que, se não tivesse maioria, trabalharia com as forças disponíveis para levar seu programa adiante. Não mantenham essas ideias e esses sonhos guardados”, disse.
O discurso para os eleitores do PD seguiu na mesma linha. “Temos um desafio que não é pequeno, e entendo sua perplexidade, mas temos uma ocasião única para fazer o bem para os italianos”, acrescentou. Símbolo da centro-esquerda italiana, o Partido Democrático sempre foi um alvo preferencial do M5S, que fez sucesso na esteira do descrédito das legendas tradicionais com o eleitorado.
O PD, por sua vez, deu o troco ao passar para a oposição e não poupou críticas ao governo Di Maio-Salvini. Recentemente, o partido ultrapassou o M5S nas pesquisas, mas ambos estão atrás da Liga, hoje a força política mais popular da Itália.
Foi essa liderança que motivou Salvini a romper a aliança com o M5S, acusando o partido de bloquear projetos que ele considera importantes para a Itália, como uma linha de trem entre Turim e Lyon. A queda de Conte levaria o país às urnas antecipadamente, mas PD e M5S decidiram ignorar as desavenças e abriram negociações para formar um governo considerado improvável até poucas semanas atrás.
Protagonismo
Após ter passado seu primeiro ano de governo à sombra de Di Maio e Salvini, Conte tenta agora assumir um papel de protagonismo na política italiana. Em sua transmissão no Facebook, prometeu liderar um gabinete “forte e estável” e garantiu que será o “primeiro responsável” pela nova aliança.
“Temos boas e grandes ideias. Nas consultas com os grupos políticos, vi uma consonância entre o Movimento 5 Estrelas, PD e outras forças de centro-esquerda”, disse. Segundo uma pesquisa divulgada na semana passada pelo instituto Quorum, Conte tem a confiança de 53,4% dos eleitores, atrás apenas de Mattarella (66%) e bastante à frente de Salvini (31,9%) e Di Maio (25,7%). (Ansa)