Exposição comemora centenário de nascimento e enfatiza o pensamento da arquiteta que se engajou pelo Brasil
Lina Bo Bardi teria completado 100 anos de idade em 5 de dezembro de 2014. Na programação dedicada ao seu centenário de nascimento, está a exposição Lina em Casa: Percursos, que acontece na Casa de Vidro, no bairro do Morumbi, onde a arquiteta morou de 1952 até 1992, quando faleceu. A exposição tem o apoio da Secretaria estadual da Cultura de São Paulo e o patrocínio da Petrobrás, com curadoria do professor do IAU-USP Renato Anellie e da museóloga Anna Carboncini. A partir do acervo do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, são apresentados seus projetos desenvolvimentistas e modernistas das décadas de 1970 e 1980. A mostra acompanha a construção intelectual e política de Lina e destaca como suas posições e ideias se transformaram a partir do momento em que ela veio morar no Brasil.
— A exposição parte de uma pergunta: quais foram os caminhos das transformações que Lina passou nos anos em que viveu no Brasil? Identificamos que ela se abrasileirou radicalmente entre a sua chegada em 1946 e meados dos anos 1970, quando publica artigos fortemente engajados na defesa e na valorização da cultura popular brasileira. Assim, a exposição não se limita a obras de arquitetura e design. Por meio de registros escritos, desenhos, fotos e objetos, procuramos montar uma narrativa dessa transformação — explica o curador Renato Anelli.
Do material inédito presente na exposição, Anelli destaca alguns trabalhos que considera fundamentais na vida da arquiteta que nasceu em Roma e se naturalizou brasileira em 1951.
— Os trechos da correspondência pessoal de Lina com Pietro Bardi e outros personagens importantes na sua vida, tais como Bruno Zevi, Marcello Piacentini e Celso Furtado, e as anotações em seus livros e preparadores de palestras. Em ambos, suas ideias são expostas de modo claro, complementando os seus escritos mais conhecidos. As fotos das suas viagens a Nova York, Barcelona, Japão, Marrocos e pelo interior do Brasil revelam um olhar especial a outras culturas arquitetônicas, que depois se manifestam em suas obras.
Para Anelli, a exposição revela uma Lina mais real e menos heroica.
— O público encontrará uma pessoa normal, com seus dilemas e paixões, que se transforma através de um processo intelectual de descoberta do pensamento brasileiro, ao estudar autores como Gilberto Freyre, Anísio Teixeira e Paulo Freire. Sobre essa base, desenvolve pesquisas e experimentos ousados na busca por uma arquitetura e um design essencial, que aprende com o rigor da luta pela sobrevivência dos segmentos mais pobres da população brasileira.
Responsável pela produção da mostra, Marione Tomazoni, da TZM Entretenimento, revela que a própria Casa de Vidro já é um ponto imperdível da exposição.
— Acredito que a exposição como um todo é importante, pois mostra a construção do pensamento de Lina Bo Bardi, um assunto pouco abordado nas exposições realizadas sobre ela. O pensamento sobre projetos arquitetônicos de integração com a natureza deixa claro que ela já se preocupava com a questão ambiental, hoje tão discutida. Fazer os diversos percursos pela exposição e desvendar o que Lina pensava é um ponto imperdível — conclui.
Serviço
Lina em casa: percursos
Casa de Vidro
Rua General Almério de Moura, 200
Morumbi – São Paulo
De quinta-feira a domingo,
das 10h às 16h30
Entrada gratuita
Até 19 de Julho