— Como cônsul, sou uma figura institucional e nem deveria estar aqui. Mas a Itália sempre apoiou a democracia. Minha presença significa a força que damos ao processo democrático. Os italianos e descendentes representam 10% de toda a cidade do Rio. Por outro lado somos 28 milhões em todo o país. Nossa esperança é encontrar ouvidos que escutem. Sabemos que existem, obviamente, pedidos que merecem ser atendidos e outros não. Meu desejo é encontrar um canal aberto para nossas questões — fala Bellelli.
O candidato à reeleição para um posto na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Adroaldo Peixoto Garani, não esconde o orgulho de estar, mais uma vez, unido a italianos e descendentes [como ele], próximo àqueles que sempre o incentivaram na carreira política.
— É sempre uma satisfação estar junto de todos aqueles que têm a mesma origem. Os mesmos que deixaram a terra natal e vieram ao Brasil rumo ao desenvolvimento e prosperidade do país. Este foi um dos motivos pelos quais criei a Frente Parlamentar Brasil-Itália que congrega 10% dos membros da assembléia. Espero que a Alerj possa sempre ter ítalo-brasileiros representando tudo isso — afirma.
Mas questões que vêm “assombrando” os candidatos também não passaram despercebidas. Segundo Eduardo Cunha, descendente de italianos, a população não pode ser desencorajada a votar de maneira válida por conta da descrença na política atual, freqüentemente estampada, em muitos veículos de comunicação, devido a erros, casos de corrupção, dentre outros episódios.
— Vivemos um momento delicado no país com a dificuldade de estimular os eleitores a viabilizarem votos válidos. Mesmo anulando a cédula, alguém sempre ocupa a vaga de qualquer maneira. E, ainda, temos quatro anos para reavaliarmos as decisões, tanto os políticos, como os eleitores. Daí a importância de se valorizar o voto — reflete.
Ainda falando sobre a importância da participação no processo eleitoral, o presidente da Associação Calabresa do Rio de Janeiro, Corrado Bosco, aproveitou a ocasião para revelar um dos pedidos, provavelmente presentes nas mentes de boa parte da comunidade italiana no Brasil.
— Moro no Rio de Janeiro e pago impostos , ou seja, participo da vida cotidiana do Brasil. Assim como os brasileiros que se tornaram cidadãos na Itália podem votar, por que não pode acontecer o contrário? — questiona.
Pelo visto, no que depender do candidato a governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, atualmente líder nas pesquisas de intenção de voto, italianos e oriundi, podem ficar tranqüilos. Segundo ele, todos serão ouvidos e em qualquer momento.
— Me coloco à disposição da comunidade italiana e garanto uma relação fraterna e de parceria. As portas estarão abertas por 24 horas — garante.
Cabral ressaltou também a proximidade que sempre teve com lideranças italianas. De acordo com ele, durante o tempo em que esteve à frente da Alerj [oito anos], um dos momentos mais significativos foi o encontro com o então presidente da Itália Oscar Luigi Scalfaro.
— Além de recebê-lo conforme o protocolo, também pude trocar idéias com Scalfaro. Lembro nitidamente da emoção dele quando falou sobre o incêndio na Galleria degli Uffizi, em Florença. Logo depois, ainda nos idos de 90, recebi uma medalha da república italiana. Essa comunidade tem enorme importância na formação cultural, social e econômica do Brasil. De 1995 em diante, o país aumentou a capacidade hospitaleira que gerou muitos investimentos estrangeiros. A Itália figura entre eles — destaca Cabral