Mangaratiba festeja a presença da seleção italiana na cidade onde a Embaixada investiu na reforma de uma quadra esportiva

Sessenta e quatro anos depois, o Brasil organiza sua segunda Copa do Mundo.  No dia 13 de julho, será conhecido o novo campeão no Maracanã. Com quatro títulos, só a Itália, entre as 32 seleções, pode igualar-se ao Brasil, que tem cinco. Quem será o craque? O brasileiro Neymar? O argentino Messi? O português Cristiano Ronaldo? Ou, porque não, o italiano Balotelli? Festa, protestos, torcida contra, torcida a favor. Saúde e Educação no padrão Fifa ou estádios? O governo argumenta que os mais de R$ 25 bilhões gastos com estádios e obras de mobilidade urbana desde 2010 nada são se comparados aos mais de R$ 825 bilhões investidos nos dois setores básicos neste mesmo período. Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, nos 12 estádios, que custaram cerca de R$ 8 bilhões, o governo federal entrou com R$ 3,9 bilhões de financiamento do BNDES. De acordo com Carvalho, esses financiamentos serão pagos. Nas obras de mobilidade urbana nas 12 cidades-sede, foram investidos R$ 17,6 bilhões, sobretudo em aeroportos, transporte público de massa e telecomunicações. Carvalho sustenta que as obras serão benefícios permanentes para as cidades. Mas nem todas ficaram prontas antes do apito inicial.

Mais de dez mil italianos compraram ingressos para as partidas do Mundial
O Ministério do Turismo espera arrecadar R$ 6,7 bilhões no período da Copa. A Embratur calcula que virão cerca de 600 mil turistas do exterior. Entre os brasileiros, esperam-se mais de três milhões circulando pelo próprio país. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, calcula em três milhões e 600 mil os empregos diretos e indiretos. A crise econômica, porém, não permite que muitos italianos desloquem-se do outro lado do Atlântico, mas poderá haver um reforço dos tifosi (torcedores) se a Azzurra for conseguindo a classificação para as fases seguintes. A Fifa informou que em torno de dez mil pessoas na Itália compraram ingressos para os jogos nos dois primeiros lotes de vendas.
— É um momento de união das duas culturas e das populações desses dois países que tanto se assemelham. Tudo isso em uma ocasião histórica na qual o Brasil mostrará ao mundo a sua melhor face e a mais alegre — lembra o embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta.
Mangaratiba, no litoral do estado do Rio de Janeiro, festeja a estadia da seleção italiana. A secretaria de Turismo e Eventos da cidade fluminense de 40 mil habitantes calcula em 85% a ocupação da rede hoteleira, além do destaque na mídia nacional e internacional. A prefeitura informou que a Embaixada da Itália pagou R$ 150 mil para reformar uma quadra esportiva polivalente na cidade.
O Hotel Portobello Resort & Safari reservou todos os seus 152 quartos para a delegação italiana de junho até 14 de julho, um dia após a final. Jogadores e comissão técnica trouxeram suas famílias, porém parentes, namoradas e agregados ficam em quartos do Hotel Portobello Resort & Safari separados da seleção. O sexo é permitido, mas sem abusos. A Itália conta com dois campos oficiais. Para as viagens longas, a delegação utiliza o aeroporto da base aérea de Santa Cruz, no Rio, distante meia hora da concentração. Porém, Manaus, Recife e Natal, locais dos jogos, ficam a milhares de quilômetros de Mangaratiba. Algumas exigências da delegação: alho e cebola foram retirados do cardápio. E o resort comprometeu-se a oferecer dois tipos de massa diferentes por dia.
Poucos dias antes da chegada da seleção italiana, em 26 de maio, fiscais do Procon-RJ multaram o Portobello por encontrar quase 50 quilos de comida imprópria para o consumo e deu prazo de 15 dias para que a situação se regularizasse. Independentemente disso, os jogadores contam com menu, chef e nutricionista particulares, o que já estava decidido bem antes. O hotel informou que isso foge à rotina e que a comida não oferece riscos. Outras irregularidades denunciadas pelo Procon foram o não fornecimento de preservativos aos clientes e a ausência de informações sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de cartazes ou folhetos avisando da proibição de hospedar crianças e adolescentes não acompanhados por adultos.