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Estresse marinho

18 de fevereiro de 2016 - Por Comunità Italiana
Estresse marinho

Estresse marinhoEstudo com a colaboração de cientistas de vários países mede pela primeira vez o impacto da poluição sonora entre os animais marinhos que vivem no Mediterrâneo

O mar Mediterrâneo e seus habitantes sofrem com a poluição sonora. Este é o resultado de uma pesquisa realizada nos últimos dez anos e conduzida pela Universidade de Pavia, na Itália e pelas organizações não governamentais Ocean Care (suíça), NOAA (americana) e Sinay (francesa), além da egípcia Marine Ecologist & Nature Conservation Consultant, com o apoio da maior parte dos países costeiros da região, como Egito, Grécia, França e Espanha. No mapa das fontes sonoras produzido pelos estudiosos, a Itália aparece com três pontos críticos, até por ter um litoral muito exposto: o estreito da Sicília, o mar da Ligúria, Gênova e Veneza, e dali para baixo com toda a costa do Adriático. Não por acaso estes são trechos marinhos adjacentes a importantes portos marítimos europeus, muitas vezes dentro de santuários ecológicos.
Ao final, os cientistas pescaram um dado alarmante: 1.500 navios comerciais navegam, dia e noite, em qualquer período do ano, e seus motores rugem e propagam ondas sonoras que desorientam os mamíferos marinhos, principalmente. Isso sem levar em conta os exercícios navais e os jogos militares, com o uso sistemático de sonares, que também prejudicam o sistema de orientação de baleias e golfinhos em um raio de 200 km. Foram avaliados ainda o impacto de prospeção mineral no subsolo marinho, com as plataformas  perfuradoras, e os geradores eólicos de energia renovável. Esta pesquisa é fundamental para o Acordo sobre a Conservação dos Cetáceos no Mar Negro, no Mediterrâneo e na Zona Atlântica Contígua (Accobams).
O estudo revela que a Itália tem 481 portos e marinas, quase o dobro do segundo colocado, a Grécia, com a Espanha e a França à frente da Croácia, da Turquia e da Tunísia. Recentemente, o golfo de Taranto abriu as portas para ganhar um complexo flutuante de energia eólica dentro de um ano e meio — e este é apenas um dos sete pedidos de autorização. O mar Adriático italiano recebeu 190 perfurações contra 32 em águas na costa de Israel. O relatório final aponta um real conflito entre as atividades relacionadas ao ser humano e as zonas de conservação dos cetáceos, principalmente no Estreito da Sicília, no Pelagos Sancturary — que envolve grandes águas territoriais francesas, italianas, no mar da Ligúria, e do Principado de Mônaco, além de parte do mar Helênico. Tantas atividades comerciais colocam em risco um patrimônio cetáceo e a sobrevivência da baleias em parques, onde deveriam ser e estar protegidas durante todo o ciclo de vida. A profanação do santuário era sistemática até 1991, em território italiano, e até 1999, ano da adesão da França e do Principado de Mônaco, mas com entrada em vigor apenas em 2002, quando foi criado o parque marinho.

Área de 87 mil km2 foi demarcada após negociações entre entre Itália, França e Mônaco
A riqueza da biodiversidade é tão elevada nesta zona que toda uma área com 87 mil quilômetros quadrados, que inclui 241 cidades costeiras, italianas e francesas, acabou sendo demarcada depois de intenas negociações entre  Itália, França e Principado de Mônaco. Trata-se da única área de proteção no mundo, uma espécie de triângulo de salvamento para os animais, que fica dentro de algumas das maiores atrações turísticas de regiões como Toscana, Sardenha, Córsica e Costa Azul, além da Riviera Italiana, perfazendo um total de 2.200 quilômetros costeiros. O forte impacto da presença do homem vai desde o transporte marítimo comercial àquele recreativo, justamente, por conta dos prometidos encontros com os mamíferos marinhos, a whale watching. O desenvolvimento econômico sustentável exige um regulamentação adequada para respeitar os ritmos e a exigências dos animais. A zona atrai as baleias por ser um concentrado de nutrientes que partem do fundo marinho e chegam à superfíce. Pelos menos oito espécies de mamíferos marinhos vivem neste parque ambiental.
O instituto Tethys, fundado em Milão há 30 anos, acompanha as baleias e os golfinhos com lentes de aumento. Os cetáceos fotoidentificados chegam à quantidade de 1.562. Dois recordes de profundidade foram registrados: uma balenottera (o segundo maior animal do planeta) a 420 metros e um globicefalo a 820 metros. E não só: um capodoglio, chamado de Matt, vive naquele habitat e já foi avistado e identificado 17 vezes, entre 2000 e 2013. Infelizmente, as rotas migratórias de muitos desses animais coincidem e se cruzam com aquelas dos navios comerciais, passando por zonas de intenso tráfico. As atividades humanas comerciais representam ameaças de colisão, captura acidental, poluição sonora e química e estresse com a alteração dos hábitos. Pelo menos 229 mil navios cargueiros atravessam o Mediterrâneo ocidental, e nove mil cruzam as rotas que passam pelo santuário. Os estudos divulgados pelo Accobams mostraram que 6% das baleias da zona de proteção apresentam sinais de mutilação devido às colisões com as embarcações, que também são responsáveis por 20% dos incidentes fatais com os cetáceos.

Sudeste mediterrâneo e Mar Negro são mais difíceis de serem monitorados
O difícil estudo leva ainda em consideração o tempo pelo qual uma determinada zona é submetida a um específico estresse. Assim sendo, os pesquisadores estão elaborando um modelo matemático para dar a justa medida e o correto peso aos eventos que ocorrem em zonas delicadas. Este complexo estudo vai servir, no futuro, para a criação e o aperfeiçoamento de políticas europeias que devem interceder junto à preservação do meio ambiente, e também visa favorecer o conhecimento para a realização de regras e leis que sejam aplicadas, efetivamente. Ou seja, é um trabalho de campo que servirá de instrumento importante para as tomadas de medidas e de posições diplomáticas, ecológicas, econômicas, culturais e comerciais, não necessáriamente nesta ordem. Mesmo assim, a pesquisa representa apenas o pontapé inicial para um programa muito mais ambicioso e abrangente.
Por diferentes razões, os participantes do trabalho não conseguiram obter dados do mar Negro e tiveram muitas dificuldades para ter informações junto ao sudeste do Mediterrâneo. Os motivos vão desde as questões políticas até a falta de estrutura técnica para procurar e armazenar os dados. O desafio futuro é o de tecer uma rede mundial com um servidor único para administrar todas as informações interconectadas. Tal mapeamento deve conter as fontes dos rumores, as frequências, as atividades de origem dos barulhos, a localização. Tudo isso submerso em cenários industriais, militares, científicos e comerciais, capazes de gerar sons artificiais no ambiente marinho.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.