O magnata e filantropo suíço Stephan Schmidheiny, ex-CEO e ex-dono da fabricante de produtos de amianto Eternit, está de volta ao banco dos réus na Itália.
Absolvido no final de 2014 do crime de desastre ambiental doloso, pelo qual havia sido condenado em segunda instância a 18 anos de prisão, ele responde agora por homicídio voluntário qualificado.
Chamado “Eternit bis”, o processo está sendo julgado por um tribunal de Turim, que realizou nesta terça-feira (12) a primeira audiência do caso. A acusação refere-se ao período em que Schmidheiny comandou o braço suíço da multinacional, entre 1976 e o início dos anos 1990.
Nessa época, o grupo tinha uma fábrica de produtos de asbesto, um mineral altamente cancerígeno, na cidade de Casale Monferrato, norte da Itália, onde 258 pessoas morreram de mesotelioma – tumor que atinge as membranas que revestem o pulmão e que é conhecido como o câncer do amianto – ao longo desses quase 15 anos.
A Promotoria defende que, como o magnata sabia dos riscos do mineral para a saúde humana, ele é diretamente responsável pela morte desses indivíduos, uma vez que permitiu que eles tivessem contato com a substância na fábrica de Casale.
Já a defesa alega que os fatos são os mesmos do processo no qual o suíço foi absolvido pela Corte de Cassação de Roma, por isso, os supostos crimes já não são mais válidos. No fim de 2014, a principal instância judiciária da Itália decidiu que Schmidheiny não poderia ser condenado por desastre ambiental doloso porque o delito já estava prescrito.
O caso também se referia à fábrica de Casale, que até meados dos anos 1980 liberava fibras de amianto no meio ambiente, causando a contaminação de milhares de pessoas. Estima-se que essa unidade tenha provocado a morte de mais de 3 mil indivíduos ao longo das últimas décadas.
Como o período de latência de algumas doenças ligadas ao asbesto, incluindo o mesotelioma, pode chegar a 30 ou 40 anos, até hoje ocorrem de 50 a 60 falecimentos a cada 12 meses na cidade devido à exposição ao mineral. (ANSA)