Absolvido no final de 2014 do crime de desastre ambiental doloso, pelo qual havia sido condenado em segunda instância a 18 anos de prisão, ele responde agora por homicídio voluntário qualificado.
Chamado “Eternit bis”, o processo está sendo julgado por um tribunal de Turim, que realizou nesta terça-feira (12) a primeira audiência do caso. A acusação refere-se ao período em que Schmidheiny comandou o braço suíço da multinacional, entre 1976 e o início dos anos 1990.
Nessa época, o grupo tinha uma fábrica de produtos de asbesto, um mineral altamente cancerígeno, na cidade de Casale Monferrato, norte da Itália, onde 258 pessoas morreram de mesotelioma – tumor que atinge as membranas que revestem o pulmão e que é conhecido como o câncer do amianto – ao longo desses quase 15 anos.
A Promotoria defende que, como o magnata sabia dos riscos do mineral para a saúde humana, ele é diretamente responsável pela morte desses indivíduos, uma vez que permitiu que eles tivessem contato com a substância na fábrica de Casale.
Já a defesa alega que os fatos são os mesmos do processo no qual o suíço foi absolvido pela Corte de Cassação de Roma, por isso, os supostos crimes já não são mais válidos. No fim de 2014, a principal instância judiciária da Itália decidiu que Schmidheiny não poderia ser condenado por desastre ambiental doloso porque o delito já estava prescrito.
O caso também se referia à fábrica de Casale, que até meados dos anos 1980 liberava fibras de amianto no meio ambiente, causando a contaminação de milhares de pessoas. Estima-se que essa unidade tenha provocado a morte de mais de 3 mil indivíduos ao longo das últimas décadas.
Como o período de latência de algumas doenças ligadas ao asbesto, incluindo o mesotelioma, pode chegar a 30 ou 40 anos, até hoje ocorrem de 50 a 60 falecimentos a cada 12 meses na cidade devido à exposição ao mineral. (ANSA)