{mosimage}Indústria alimentar italiana, a segunda mais poderosa do país, aposta cada vez mais na exportação para fugir da crise. Cresce o interesse pelo mercado dos países emergentes
Os prazeres do paladar fazem parte da cultura italiana e com toda a tradição enogastronômica a indústria alimentar nacional é a segunda mais importante do país depois do setor metalmecânico. No entanto, a crise tem afetado profundamente as famílias italianas que acabam escolhendo seus alimentos baseados nos preços e não na qualidade dos produtos. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas da Itália (Istat), desde 2011, mais de um terço das famílias italianas (35,8%) declararam ter reduzido as despesas destinadas aos alimentos. Por consequência, os supermercados que vendem produtos baratos, conhecidos como hard discount, estão crescendo cada vez mais.
— Esta crise é grave. Há anos, a Itália investe na qualidade dos alimentos e nos controles de rastreabilidade a ponto de conquistar o topo no ranking europeu dos produtos de denominação e origem garantida, seja nos alimentos, seja nos vinhos — comenta o presidente da Federação Italiana da Indústria Alimentar (Federalimentare), Filippo Ferrua Magliani.
Levando-se em consideração que, dentro da Itália, a crise morde fortemente, a Federalimentare aposta na exportação. Porém, não é uma coisa simples: para exportar alimentos é necessário respeitar uma série de normas dos mercados exteriores que podem ser sufocantes para as pequenas e médias empresas que constituem a maioria no setor. Para incentivar a venda de produtos italianos ao exterior, elas fizeram uma série de propostas e reivindicações ao governo. Uma das propostas, apresentada pela federação, é potenciar os fundos promocionais do novo Instituto do Comércio Exterior (ICE), que está passando por uma drástica reforma. Segundo a entidade, é preciso também incentivar os investimentos promocionais com a total dedução dos custos das atividades de promoção e comercialização dos produtos made in Italy no exterior, dentro e fora da União Europeia.
A quota de exportação dos produtos alimentares italianos no mundo em 2011 registrou € 23.032,7 milhões com um incremento de 10% em relação a 2010. Dentro da União Europeia, essa taxa registrou alta de 8,5%. A Alemanha é o país para onde a Itália mais exporta, seguida por França, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Áustria, Espanha, Países Baixos, Bélgica e Canadá. A Federalimentare está de olho também nos mercados emergentes que, com suas economias dinâmicas, registraram um crescimento na compra dos produtos alimentares italianos. A importação de produtos agroalimentares italianos para o Brasil, por exemplo, gerou € 126 milhões em 2011, o que representa um aumento de 21% em relação a 2010.
Os vinhos lideram a lista de produtos agroalimentares que chegam aos mercados brasileiros, seguidos por massa grano duro, azeites, tomates em conserva, queijos e embutidos.