{mosimage}O maior evento de vinhos das Américas acontece este mês e aquece o mercado de bebidas com a divulgação de novos rótulos e concursos de degustaçãor
Para apresentar ao público os melhores vinhos do mundo, acontece anualmente o ExpoVinis, o maior evento do setor nas Américas. Em sua 16ª edição, a feira será realizada entre os dias 24 e 26 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo. A expectativa é a de reunir mais de 400 expositores e 20 mil visitantes, entre proprietários de bares, restaurantes, hotéis, adegas especializadas, donos de supermercados, atacadistas e distribuidores, e também formadores de opinião, sommeliers, enólogos e enófilos.
Distribuído em um espaço de 18 mil m², o salão exibe rótulos para todos os paladares. Os vinhos destacados pelos produtores nacionais recebem atenção no espaço dedicado ao Instituto do Vinho (Ibravin), com 40 vinícolas oriundas de regiões como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Vale São Francisco. O estado gaúcho é responsável por 90% da produção nacional e, de acordo com dados do Ibravin, a comercialização de vinhos provenientes da região alcançou, no início de 2011, 48 milhões de litros vendidos. O gerente de Promoção e Marketing do Ibravin, Diego Bertolini, ressaltou que o ExpoVinis é um grande centro de divulgação dos vinhos produzidos no Sul e que 2012 será um ano de mudanças positivas para os produtores nacionais a partir das medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff. Durante a Festa Nacional da Uva, que aconteceu em fevereiro, em Caxias do Sul, a presidente falou sobre iniciativas governamentais de estímulo à produção e exportação de vinhos. Além disso, Rousseff ressaltou que o governo pretende gerar crédito em condições mais adequadas, incentivar a inovação e formação de mão de obra e, criar medidas de defesa comercial para o setor.
— O ExpoVinis é a principal vitrine de vinho da América Latina. O ano de 2012 será o momento do vinho brasileiro, que fechou 2011 com 7% de aumento nas vendas no país, e teve uma série de medidas anunciadas pela presidente Dilma que darão maior competitividade aos rótulos verde-amarelos — enfatizou Bertolini.
O evento promove um wine tour por tradicionais e surpreendentes regiões produtoras. Países como Argentina e Chile, que lideram a venda de importados, ocupam amplos espaços na feira. Os europeus com origem na França, Portugal, Itália e Espanha também têm seus estandes reservados no evento. No que se refere à Itália, consagrados produtores e representantes da Puglia, Abruzzo, Marche, Lombardia, Toscana e Piemonte estão trazendo os melhores exemplares. Domingos Meireles, diretor da Exponor Brasil, empresa responsável pela organização do evento, lembra que o vinho italiano está entre os preferidos dos brasileiros, ocupando o primeiro lugar entre os europeus.
— O vinho italiano tem uma ótima recepção no Brasil. Ele está em terceiro lugar entre os vinhos importados, ficando atrás apenas do Chile e da Argentina, à frente dos europeus Portugal e França. O preço do vinho italiano normalmente é baixo no Brasil, o que possibilita um consumo maior pelos brasileiros e um volume de exportação grande por parte da Itália — ressalta Meireles.
Segundo pesquisa realizada com a parceria entre o Ibravin e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a importação de vinho italiano aumentou 58,57% desde 2011. A alta nas importações de vinho português foi de 24,8%, similar à compra de vinhos espanhóis, que cresceu 22,32%. Já a de vinhos franceses aumentou 11,76%. Além desses países europeus, os situados na América do Sul, como Argentina e Chile, também apostam cada vez mais no destino brasileiro para depositarem seus estoques.
Apesar da crise mundial, o varejo de vinho no Brasil passa por expressivas mudanças e a entrada de rótulos importados no mercado nacional ganha cada vez mais ritmo e espaço. Somente no primeiro semestre de 2011, a estimativa de crescimento médio foi de 28% em relação ao mesmo período em 2010, tornando o mercado mais favorável para investimento.
— O consumidor brasileiro é sofisticado e por esse motivo exige que o varejo em geral e, principalmente, os restaurantes, apresentem variedade, qualidade e preço, além de um serviço impecável — atesta Meireles, diretor da Exponor Brasil.
Brasileiros preferem o tinto
Os maiores consumidores de vinho no país são Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. O Rio de Janeiro aparece em quarto lugar, ao lado do Espírito Santo. A temperatura média nos três primeiros estados é mais baixa do que no restante do país, o que favorece o consumo do vinho tinto — o preferido dos brasileiros. De acordo com o enófilo e professor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), Célio Alzer, o vinho geralmente acompanha a comida e é sabido que uma boa parte dos brasileiros não dispensa uma carne na refeição, o que leva ao vinho tinto. Mesmo os adeptos de pratos mais leves costumam preferir os tintos, pois alegam que é mais saudável. Além de tudo isso, no país, planta-se mais uva preta do que branca. Alzer afirma que, entre os vinhos italianos, os mais vendidos para o Brasil são os de coloração escura.
— No Brasil, a Itália é mais conhecida pelos tintos secos. Uma exceção deve ser feita no caso do prosecco, o espumante seco ou suave, também bastante conhecido por aqui — ressalta o sommelier Alzer.
Concurso escolhe
os melhores rótulos
de 10 categorias
Além de expor vinhos dos mais variados países, o ExpoVinis abrange degustações premium feitas por convidados e palestras com temas atuais. O Top Ten também faz parte da feira e é uma das atrações mais aguardadas do evento, pois elege os dez melhores vinhos com degustação feita às cegas, sem o conhecimento dos rótulos e dos países de origem. Um júri de alto nível composto por jornalistas, sommeliers, degustadores de associações e de escolas fará a seleção dos vinhos que são enviados pelos expositores. Não há restrições para poder participar no Top Ten. Os rótulos são avaliados seguindo uma dezena de categorias: espumante nacional, espumante importado, sauvignon blanc, chardonnay, outras uvas brancas, rosados, tintos nacionais, tintos novo mundo, tintos velho mundo, fortificados e doces. As garrafas são ensacadas, numeradas e avaliadas. As notas de cada jurado são somadas e os melhores de cada categoria levam a medalha no peito. Os jurados só conhecem os rótulos provados no momento da divulgação do resultado.
Com eventos como o ExpoVinis, fica aparente a preocupação dos produtores em relação a cada cacho de uvas colhido e com os barris de fermentação. A qualidade de alguns vinhos às vezes surpreende quem se arrisca a sair do conforto das garrafas conhecidas e se abre para provar novos goles. Por divulgar rótulos novos e por exaltar os já conhecidos, a feira é o cenário ideal para que profissionais, enófilos, enólogos, produtores e consumidores troquem experiências, conhecimento e façam negócios.
— O ExpoVinis é um catalisador do setor, fomentando e acelerando o contato entre produtores nacionais e internacionais com os players do mercado brasileiro e dos demais mercados mundiais — conclui Domingos Meireles.