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Férias na santa paz

21 de maio de 2014 - Por Comunità Italiana
Férias na santa paz

Férias na santa pazAumenta o número de turistas que buscam refúgio longe do caos e passam as férias em mosteiros e ermidas para uma pausa de meditação ou apenas para encontrar sabedoria e apreciar obras de arte

Como dizia o filósofo e matemático Pitágoras “o começo da sabedoria é o silêncio”.  E qual melhor lugar para experimentar essa paz, se não em mosteiros ou capelas?
Na Itália, a quantidade de pessoas que escolhem passar as férias longe do barulho e do ritmo frenético das cidades à procura de lugares mais silenciosos e afastados aumenta a cada dia. Os “turistas do espírito” já chegam a um milhão e meio de pessoas por ano na Itália e não são apenas homens ou mulheres, mas também famílias com filhos que optam por passar alguns dias nos mosteiros e nas ermidas, ou visitar santuários e conventos.
— Eu aconselho a quem realiza esse tipo de férias deixar os telefones e os computadores em casa e ter como companheiro um bom livro e a vontade de compartilhar a própria experiência com as pessoas que se encontram no lugar onde está hospedado — comenta à Comunità Pietro Tarallo, escritor e jornalista especializado em viagens. Ele é autor de uma trilogia de guias sobre os mosteiros italianos, europeus e do mundo.
O livro Monasteri in Italia foi publicado pela primeira vez em 1994 e em 2006, e já chegou à 24ª edição. Quando o guia saiu de catálogo, a editora propôs aos autores Tarallo e a Gian Maria Grasselli de retomarem o trabalho e darem particular relevância aos mosteiros que dão hospitalidade aos turistas. Foi assim que, recentemente, saiu a última edição.
O apelo e o encanto da espiritualidade, da história, da arte e da arquitetura estão entre as maiores atrações oferecidas por tais lugares sagrados, mas, além disso, quem procura refúgio está em busca de paz e serenidade. De acordo com o escritor Pietro Tarallo, entre os turistas há muitas pessoas que desejam se desligar da vida cotidiana e criar um espaço apenas para si mesmo para poderem ler, pensar, ouvir em silêncio e compartilhar a vida monástica com os religiosos, sem limite de idade, nível cultural ou social.
— Os religiosos não requerem certificados, acolhem todos como exigido pela regra de São Bento. No entanto, é preciso cumprir com as suas regras de vida e observar normas de conduta, uma espécie de etiqueta religiosa — alerta Tarallo, que nunca teve problemas durante as suas estadias nos mosteiros e as considera como uma oportunidade de se comparar como laico sobre as questões da vida cotidiana.
No mundo atual, é raro ver viajantes observando com atenção as paisagens que os rodeia, pois geralmente estão mais preocupados em tirar fotos com os seus aparelhos eletrônicos ao invés de sentirem de verdade o ambiente ao redor e apreciar as paisagens com calma e em silêncio.
Segundo o autor do guia, as “férias espirituais” são uma ocasião para observar de perto a vida dos monges e compartilhar o longo dia de ora et labora (reza e trabalha), e também para apreciar obras de artes inestimáveis zelosamente guardadas, pois “mosteiros e abadias, ao longo dos séculos, acolheram artistas e literatos e conservaram manuscritos e livros importantes para a cultura da humanidade que, de outra forma, teriam sido destruídos”.

Como uma luva para os viajantes slow travel e low cost
Com o começo da primavera e o feriado de 1º de maio, os italianos aproveitaram para viajar e conhecer os “lugares do espírito” espalhados em todo o Belpaese. Em um par de anos, as viagens espirituais e da fé mostraram um crescimento de 20%, com um aumento anual da ordem de 10 a 15%
— O aumento do turismo religioso não se refere apenas aos grandes santuários, mas especialmente aos mosteiros, às abadias, aos conventos e às grandes estradas de peregrinação, como a Via Francigena que se equiparam para receber essa onda de novos turistas do slow travel (viagem lenta) e do low cost (baixo custo), ou seja, viajar em lentidão para saborear melhor o que se vê e viajar o mais barato possível com uma boa relação preço/qualidade — explica Tarallo, originário de Florença e atual morador de Pieve Ligure, uma pequena aldeia com vista para o Golfo Paraíso, a poucos quilômetros de Gênova.
As condições de permanência podem ser um pouco modestas — os quartos geralmente não são muito espaçosos — porém a arquitetura medieval, os claustros, os jardins, a cortesia e o silêncio dos mosteiros são luxos que compensam qualquer outra falta. Muitas vezes estão situados em lugares solitários, no topo de um morro e no meio da natureza. Para chegar, é preciso percorrer uma trilha no meio do mato.
Todos os hóspedes têm o seu quarto, às vezes com suíte, embora geralmente o banheiro seja compartilhado, assim como a sala do refeitório, o jardim e as outras salas que pertencem ao edifício.
E como os turistas transcorrem os dias? O escritor aconselha passar um pouco de tempo consigo mesmo, ouvir-se e ouvir os outros. Isso permite enfrentar com serenidade os próprios problemas que emergem pouco a pouco, dia após dia.
— Não é como ir a um hotel. Talvez seja por isso que algumas pessoas tenham certo receio em ter que lidar com uma experiência nova, diferente. A pressa não é adequada para esses lugares espirituais, onde a paz, a meditação, a lentidão, e a busca pelo sentido da vida estão de casa — ressalta o autor de mais de 50 livros entre guias turísticas, textos geográficos e livros fotográficos.
Nos guias, Tarallo descreve as suas experiências nas abadias, onde os dias passam lentos, cadenciados pelas notas do canto gregoriano e pelas funções da liturgia diária, do trabalho e das conversas com os religiosos, a partir das leituras de textos antigos e manuscritos.
— Os mosteiros estão envoltos pelo intenso silêncio, às vezes é quebrado pelo canto das aves e o farfalhar das folhas das árvores das florestas ao redor — descreve em detalhes Tarallo, escritor laico e autor de um blog com o seu nome.
Além do silêncio e de meditação, é possível saborear as deliciosas e ao mesmo tempo simples iguarias preparadas pelas mãos hábeis das monjas, de acordo com as receitas do passado, como biscoitos e geléias, enquanto os frades e os monges aplicam os seus conhecimentos milenares na preparação de licores e destilados que esquentam a garganta.
E quem disse que nos lugares sagrados a única preocupação é nutrir o espírito? Para os males do corpo, existem os medicamentos naturais preparados de acordo com os princípios e as pesquisas que atravessaram os séculos. Para a dor de garganta, nada melhor do que o chamado ouro quente, o mel, fruto do trabalho das abelhas vigiadas pelos religiosos.
As “férias espirituais” podem beneficiar qualquer pessoa, sem seguir um percurso litúrgico. Os turistas podem aproveitar o silêncio e a tranquilidade para refletir, adquirir um ritmo mais lento e descansar. Por isso, não é de se estranhar se, entre os claustros, o hóspede se deparar com um ator ou um cantor famoso fugindo dos fãs.
Tarallo que já visitou todos os continentes dá como conselho aos viajantes “mover-se na ponta dos pés, e sem prejuízo, como laicos curiosos”.  

Ospizio del Gran San Bernando: situado no topo de montanha nevadas, quase em território suíço, a 2472 metros de altitude, foi fundado por volta de 1050 pelo monarca Bernardo de Menthon como refúgio para os peregrinos que iam a Roma. Os canônicos de Santo Agostinho administram esse lugar sagrado que está aberto o ano inteiro e oferece hospitalidade também no inverno. Os quartos são simples, mas confortáveis. É muito procurado sobretudo nos meses de verão pelos apaixonados de trekking e rapel que alcançam até os picos do Gran San Bernardo. O Ospizio guarda a renomada tradição de criar os cães São Bernardo, cujos filhotes de três ou quatro meses podem ser adquiridos ao preço de 1.150 francos suíços.

Monastero di Camaldoli: situado em Poppi, não muito longe de Arezzo. Foi construído em 1025 e é a sede dos monges beneditinos camaldoleses. É o encontro da fé com a arte: abriga pinturas de Pomarancio, de Vasari e afrescos de Lorenzo Lippi. Particularmente confortável é a pousada que oferece pensão completa. Imensurável é a produção de licores, cosméticos, doces, cremes, pasta de dentes, chás e cogumelos porcini e secos.

Abbazia di Vallombrosa: situada a 23 km de Florença, está rodeada por bosques. A abadia foi erguida em 1028 por São Giovanni Gualberto, que fundou a ordem dos monges beneditinos de Vallombrosa. Os religiosos organizam concertos de órgão, reuniões de espiritualidade e produzem ótimas barras de chocolate, o Vermute Ottanta e o Gin Dry Vallombrosa, baseado em bagas de zimbro.

Monastero della Madonna della Fiducia (em San Biagio di Mondovì, via Morozzo 1): entre as colinas do Piemonte, rodeado por árvores antigas, o mosteiro é um centro ativo de espiritualidade aberta ao diálogo inter-religioso. Organizam práticas de yoga e meditação, palestras sobre teologia de várias religiões e encontros da Associação judaico-cristã.

Abbazia di Monte Oliveto Maggiore: abadia localizada a poucos quilômetros de Siena, é um oásis de paz e arte espetacular. Fundada em 1319 pelo Beato Bernardo Tolomei, em seu lindo claustro é possível admirar As histórias de São Bento, pintadas por Luca Signorelli e Giovanni Antonio Bazzi, chamado Sodoma. A biblioteca contém 45 mil livros raros, manuscritos e pergaminhos. Os monges beneditinos olivetanos, além de oferecer hospitalidade em uma pousada agradável, têm uma grande habilidade na restauração de livros antigos e deram vida ao Instituto de Patologia do Livro.

Abbazia di Sant’Antimo: localizada a poucos quilômetros de Montalcino, foi fundada — segundo a lenda —  por Carlos Magno em 781. São preservadas a cripta carolíngia e a capela. Depois da restauração de 1992, a abadia redescobriu seu misticismo antigo e profundo. Todas as funções são marcadas pelos belos cantos gregorianos dos monges que são gravados em CDs. A casa de hóspedes oferece apenas 10 quartos e uma hospitalidade austera.

Eremo della Trasfigurazione: Eremitério situado a 751 metros de altura, em San Silvestro di Collepino, foi construído em 1972 por Madre Maria Teresa dell’Eucaristia. As Piccole Sorelle di Maria Madre della Chiesa acolhem em oito quartos todos aqueles que procuram um pouco de solidão e espiritualidade. Entre os clientes regulares, há atores famosos, fotógrafos e modelos.

Eremo di Monte Giove: não muito longe da cidade de Fano, se ergue o eremitério terminado em 1627 por monges beneditinos camaldoleses. Todos os anos, o centro de estudos Itinerari e Incontri organiza debates culturais sobre temas religiosos, históricos e sociais. Na loja é possível comprar licores de ervas, cremes de beleza, sabonetes de própolis e mel.

Monastero di Santa Scolastica: frequentado por empreendedores, intelectuais, políticos e especialmente amado pelo ex-premier Giulio Andreotti (falecido em 2013), oferece muito conforto aos hospedes e lugares para conferências e reuniões de natureza religiosa.

Monastero del Santissimo Rosario: no livro O Gattopardo, Giuseppe Tomasi di Lampedusa conta que um antepassado, o duque Giulio, em 1655, transformou o Palácio Ducal da família em um mosteiro, situado a 20 km de Agrigento, na Sicília. A Capela de Santa Maria del Lume é o quarto mais fascinante da estrutura, devido à beleza de suas paredes revestidas com painéis de madeira incrustados com símbolos arbóreos e religiosos. As freiras, além de bordadeiras qualificadas, preparam deliciosos doces tradicionais feitos de pasta de amêndoas. Situado na praça Dommenico Provenzani, 20 em Palma di Montechiaro.

Monastero di Santa Clara: as freiras, apesar da estrita clausura, pode se comunicar com o resto do mundo através da Internet e se especializaram em trabalhos com o computador. Situado na rua dei Monasteri, em Trevi.

Abbazia di Chiaravalle di Fiastra: Não muito longe de Macerata, há uma reserva protegida pela WWF, povoada por muitos animais e ótimo lugar onde fazer trilhas a pé ou de bicicleta, sendo algumas adaptadas para cadeirantes. Os monges cistercienses de São Bernardo pintam ícones e produzem mel para vender na loja, situada na frente da abadia.

Abbazia di Santa Maria di Farfa: as casas que rodeiam a abadia são ocupadas por artesãos que criam tecida e cerâmica pintada à mão. A pousada é dirigida pelas freiras brigidinas, que são ótimas cozinheiras. Os dias dedicados à busca da espiritualidade são marcados pelos concertos de música sacra e clássica.

Abbazia di San Pietro di Sorres: na Sardenha, a 34 km de Sassari, a abadia preserva a majestosa igreja do século XII em estilo românico. Nos meses de verão, são realizados seminários de teologia, filosofia moral e música sagrada.

 

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.