Que estrangeiros que nada! A presença marcante de titulares canarinhos que jogam em clubes da Itália já se tornou rotina

Um Brasil que também fala italiano. Assim pode ser definida a seleção brasileira em Copas do Mundo a partir de 1982, quando os jogadores de clubes estrangeiros passaram a fazer parte da lista de convocados. A Itália é a principal fonte de abastecimento do exterior para o escrete canarinho, com 37 convocações de clubes do Belpaese somadas às últimas nove edições da principal competição do planeta, inclusive esta que se disputa no Brasil. Um recorde. Nos Mundiais de 1930, 1934, 1938, 1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1970, 1974 e 1978, a seleção tinha apenas jogadores de clubes nacionais. De 1982 em diante, nunca faltou um “italiano” no Brasil. Vale lembrar que até 1980 o mercado italiano estava fechado aos jogadores estrangeiros. Justamente a partir da década de 1980 começou o êxodo de brasileiros, principalmente para a Europa. Antes de 1982, apenas um estrangeiro era admitido na Itália e o Brasil foi representado na Espanha por Falcão, meio-campo e ídolo do Roma, campeão italiano na temporada 1982-1983 — o “oitavo rei de Roma”, como era chamado por torcedores e cronistas.
Dos convocados por Luiz Felipe Scolari para 2014, três pertencem a clubes italianos: Maicon, lateral-direito do Roma; Henrique, zagueiro do Napoli; e Hernanes, meio-campo do Internazionale. Maicon atuou na Copa de 2010 sob o comando do técnico Dunga. Na ocasião, o lateral era jogador do Inter. Isso sem falar nos que já atuaram na Itália. Júlio César, atual goleiro do Toronto (Canadá), foi jogador do Internazionale de 2005 a 2012, com uma breve passagem pelo Chievo no seu primeiro ano no país. Thiago Silva, zagueiro e capitão, destacou-se no Milan antes de transferir-se para o Paris-Saint Germain, da França. O lateral-esquerdo Maxwell, também atual jogador do Paris-SG, foi outro que passou pelo Inter de Milão, entre 2006 e 2009. Em 2006, teve uma passagem-relâmpago pelo Empoli por empréstimo, como havia ocorrido com Júlio César no Chievo em 2005.
Além desses jogadores, o próprio Scolari, gaúcho de Passo Fundo, apesar de nunca ter trabalhado na Itália, tem suas origens no país. Seu avô emigrou da região do Vêneto. Nonno Luigi chegou ao Brasil em 1902, vindo de Cologna Veneta, pequeno município perto de Verona, com menos de 43 quilômetros quadrados e cerca de nove mil habitantes. Hoje, Felipão tem também o passaporte italiano. Em 2002, após ter sido campeão mundial pelo Brasil no Japão e na Coreia do Sul, o gaúcho foi sondado para ser o técnico da seleção azzurra, mas acabou no comando de outra equipe nacional europeia: Portugal.
Dos 23 convocados para esta Copa, apenas quatro atuam no Brasil: os goleiros Jefferson (Botafogo) e Victor (Atlético Mineiro); os centroavantes Fred (Fluminense) e Jô (Atlético Mineiro). Isso se depois da Copa ninguém sair. A tendência é haver cada vez mais jogadores de clubes estrangeiros na Seleção.  

Brasileiros de clubes italianos em Copas do Mundo
1982: Falcão (Roma)
1986: Edinho (Udinese) e Júnior (Torino)
1990: Dunga (Fiorentina), Alemão (Napoli), Careca (Napoli) e Müller (Torino)
1994: Taffarel (Reggiana) e Aldair (Roma)
1998: Cafu (Roma), Aldair (Roma),  Ronaldo (Inter),
André Cruz (Milan),  Leonardo (Milan) e Edmundo (Fiorentina)
2002: Cafu (Roma), Roque Júnior (Milan),
Ronaldo (Inter), Dida (Milan) e Júnior (Parma)
2006: Dida (Milan), Júlio César (Inter), Cafu (Milan),
Emerson (Juventus), Kaká (Milan) e Adriano (Inter)
2010: Júlio César (Inter), Doni (Roma), Maicon (Inter), Lúcio (Inter), Juan (Roma), Thiago Silva (Milan), Felipe Melo (Juventus) e Júlio Baptista (Roma)
2014: Maicon (Roma), Henrique (Napoli) e Hernanes (Inter)