Viagem é uma etapa importante em seu esforço para fortalecer os laços com essa religião
A viagem que o papa Francisco inicia neste domingo (3) aos Emirados Árabes Unidos marca a primeira visita de um papa à Península Arábica, com reputação de conservadora, onde residem mais de 2,6 milhões de católicos.
Embora a esmagadora maioria dos católicos seja expatriada, de acordo com as missões apostólicas do norte e do sul, a viagem do papa à região onde o Islã nasceu é uma etapa importante em seu esforço para fortalecer os laços com essa religião.
Relações diplomáticas com o Vaticano
Kuwait foi o primeiro país da região a formalizar suas relações com o Vaticano em 1968. O Iêmen fez o mesmo em 1998, Bahrein em 2000, Catar em 2002 e os Emirados Árabes Unidos em 2007.
A Arábia Saudita e Omã ainda não estabeleceram relações diplomáticas formais com o Vaticano.
No ano passado, a Arábia Saudita, lar de locais sagrados Meca e Medina, recebeu representantes de diversas tradições cristãs, em um gesto do príncipe Salman Bin Mohamed para mostrar sinais de abertura do seu reino ultraconservador.
Em abril de 2018, a Arábia Saudita recebeu o cardeal francês Jean-Louis Tauran, que presidiu o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso do Vaticano.
Falecido em julho de 2018, ele foi considerado um importante promotor do diálogo entre a Igreja Católica e o Islã. Em novembro de 2017, o chefe da Igreja maronita do Líbano, Beshara Rai, fez uma visita oficial à Arábia Saudita, onde se encontrou com o rei Salman e o príncipe herdeiro.
Católicos na Península Arábica
Há mais de 3,5 milhões de cristãos no Golfo, dos quais cerca de 75% são católicos, a maioria deles trabalhadores migrantes das Filipinas e da Índia.
De acordo com os vicariatos apostólicos, há mais de um milhão de católicos apenas na Arábia Saudita, cerca de 350 mil no Kuwait, 80 mil no Bahrein e entre 200 mil e 300 mil no Catar, embora não haja números oficiais.
Quase um milhão de católicos vive nos Emirados Árabes Unidos, segundo Paul Hinder, bispo do vicariato apostólico da Arábia do sul, que inclui os Emirados Árabes Unidos, Omã e Iêmen.
Igrejas católicas
Existem 22 igrejas católicas na região: oito nos Emirados Árabes Unidos, quatro em Omã, Kuwait e Iêmen, uma no Bahrein e uma no Catar.
A missa que é celebrada nas igrejas na sexta-feira, que marca o primeiro dia do fim de semana na região, costuma ser a mais frequentada.
Nos Emirados Árabes Unidos, a missa é celebrada em vários dias da semana e em diferentes línguas (inglês, tagalo, malayalam, Hindi…) para atender todos os fiéis.
A Arábia Saudita proíbe qualquer casa de oração que não seja muçulmana.
Segundo o vicariato apostólico da Arábia do norte, os católicos “desfrutam da liberdade de culto no recinto paroquial”.
No entanto, ele observa algumas dificuldades por causa de uma “restrição sobre o número de padres, pelo pequeno número de igrejas e espaço limitado” destes templos, especialmente no Natal e na Páscoa, onde pode haver até 25 mil participantes.
“Também é proibido (sob pena de punição) realizar qualquer atividade pública ou demonstrar sua religião, inclusive proselitismo”, disse o vicariato.
Cidadãos cristãos
Embora a maioria dos cristãos na região seja de trabalhadores migrantes, há uma pequena porcentagem de cristãos locais no Kuwait, no Bahrein e no Iêmen. Segundo o padre Benjamin Jacob Gharib, chefe da Igreja Evangélica Nacional do Kuwait, há cerca de 260 cristãos kuwaitianos de oito famílias extensas. Segundo estimativas não oficiais, haveria mil cristãos do Bahrein e milhares de cristãos iemenitas.
Embora a maioria dos cristãos da região sejam trabalhadores migrantes, há uma pequena porcentagem de cristãos locais no Kuwait, Bahrein e Iêmen.
Segundo o padre Benjamin Jacob Gharib, líder da Igreja evangélica nacional do Kuwait, há 260 cristãos kuwaitianos de oito famílias extensas.