"Pediremos às autoridades brasileiras que, antes do fim de seu mandato, o presidente Lula aplique o tratado de extradição em vigor entre Itália e Brasil para o terrorista Cesare Battisti", afirmou Frattini, ao participar de um debate promovido pelo partido Povo da Liberdade (PDL, governista), em Roma.
Segundo ele, a aplicação do tratado "seria um ato de respeito ao direito, à Itália, à União Europeia e a uma lei que o Brasil deve respeitar".
O envio do italiano ao seu país, onde é condenado à prisão perpétua por quatro homicídios cometidos na década de 1970, "não é um apelo à clemência, mas um chamado à aplicação das leis. Por ora, nos limitamos a pedir isso", enfatizou o chefe da diplomacia italiana.
Frattini retomou o tema durante a apresentação do livro "Gli amici del terrorista. Chi protegge Cesare Battisi" (2010), de Giuseppe Cruciani.
A obra retrata como o caso se tornou emblemático e fala da "incapacidade da Itália em acertar as contas com o passado".
No mesmo evento, o ministro para as Políticas Europeias, Andrea Ronchi, classificou o caso como "um fracasso" para a União Europeia. Para ele, Battisti "testemunha a loucura que atingiu a Itália nos anos 70 e 80".
Condenado à revelia na Itália, Battisti foi detido no Brasil em 2007 e em 2009 obteve o status de refugiado político do então ministro da Justiça, Tarso Genro.
No último ano, o caso foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que se pronunciou a favor da extradição do ex-militante de esquerda, como requer o Estado italiano.
O STF decidiu ainda que caberia a Lula a decisão final. O presidente, que ainda não anunciou sua posição, encerra seu governo em 1º de janeiro.