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Gianfranco da Bahia

17 de outubro de 2014 - Por Comunità Italiana
Gianfranco da Bahia

Gianfranco da BahiaGianfranco D’Andrea, o artista que trocou os pinos marítimos do Coliseu pelos coqueiros de Itapuã e usa asfalto baiano nas telas

O asfalto se transforma em uma grande tela escura quando o Brasil inteiro viaja ao exterior rumo à sonhada Copa do Mundo ou aos grandes eventos nos quais o patriotismo é chamado em causa. A criatividade e as tintas cobrem o betume com figuras heroicas e arquetípicas de nossos jogadores. Claro que a referência é feita às expedições em terra estrangeira, principalmente nas décadas de 80 e 90; não se pensa no fiasco recente. De todas estas apoteoses fora da lei — de quatro e quatro anos, com as autoridades fazendo vista grossa e incentivando concursos entre quarteirões e ruas que se transformam em “outdoors” — pouca coisa sobrou quando o Brasil foi o anfitrião da campanha do último Mundial. A inversão, provocada por fatores alheios ao futebol,  foi tão forte que o asfalto, no lugar de tela escura, se transformou em tinta cinza, declinada em suas mil nuances e matizes, e matéria-prima para obras de arte. Pelo menos para um artista plástico romano que se mudou, com cavaletes e pincéis, para Salvador, um ano antes da maior humilhação imposta ao país do futebol por meio da goleada alemã. Ao invés de pintar o asfalto, Gianfranco D’Andrea usa o asfalto para pintar telas. E esta inusitada matéria-prima se presta bem a colorir a visão de mundo do artista.
— Um preto lunar que me remete às cidades do passado, aos primeiros asfaltos do século XVII, aos pulmões corroídos dos trabalhadores com as peles gordurosas — afirma ele, durante a apresentação da sua mostra O sentimento da cidade e do homem no espaço cultural do restaurante Saúde Brasil, em Salvador.
Mergulhado em um contexto solar e repleto de cores fortes, com o sol a pino e o mar que bate forte nos arrecifes da praia do Farol, Gianfranco filtra a realidade social e urbana contrastante ao seu redor e testemunha, com um olhar atento e inquietante, os cenários, os fatos e as pessoas que povoam a sua imaginação e encontram abrigo e espaço em sua memória. O artista investiga a existência humana ao lançar um olhar agudo e intenso sobre si próprio, a sociedade e as relações que derivam da coletividade urbana e do individualismo onírico, colhendo nos sonhos o sujeito e a força motriz de muitas obras.  
 
Fase nos trópicos coincide com retomada criativa
A vida baiana do romano o estimulou a pintar depois de um período afastado dos pincéis e das tintas. Uma ressurreição travestida de renascimento baiano, com a bênção dos orixás.
— Em Salvador, renasceu em mim o desejo de dar vazão à minha criatividade. Depois de alguns meses, realizei cerca de 20 obras — observa o artista sobre o seu próprio período renascentista soteropolitano, em canvas, óleo sobre tela e betume.
O artista amadurecido, que trocou os pinos marítimos do Coliseu pelos coqueiros de Itapuã, retomou a estrada iniciada aos 12 anos de idade quando, junto com o professor da escola, na matéria de Desenho, participou e ganhou o prêmio de melhor trabalho ao elaborar um quadro que representava o episódio histórico da Tomada da Porta Pia 1870. Dali em diante, o talento iria florescer até 1984, quando frequentaria o ateliê do pintor e cenógrafo Helio Formosa, com quem ele aprenderia as técnicas pictóricas, como a têmpera, por exemplo. No ano seguinte, venderia a sua primeira obra, durante exposição coletiva no Club Vicolo 49, famoso e polêmico centro cultural no coração de Roma, ao lado de Piazza Navona, sede da Embaixada do Brasil.
Nesta fase tropical, refletida de certa forma no uso de cores fortes, retoma o entusiasmo novo das primeiras pinceladas, quando ainda era um pré-adolescente romano diante de uma tela em branco. Ao longo da vida, o artista foi preenchendo e traçando o próprio percurso, numa trajetória fiel aos seus valores, sem comprometê-los em nome do mercado.  Em busca de constante inspiração e novas ideias, começou a usar o betume, matéria-prima do asfalto, para criar suas obras. Na capital baiana, o seu atelier se transformou numa refinaria de criatividade, na qual o petróleo ganhou um derivado artístico, elevando-o ao patamar da arte, como fonte primária de energia para a vida moderna, enquanto o sol é para aquela de sempre.   

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.