{mosimage}Um mês após o naufrágio do cruzeiro comandado por Francesco Schettino, a bela ilha toscana aguarda a remoção total do Concordia
Meca dos mergulhadores italianos, ávidos por apreciar sua rica fauna marinha, a pequena e pacata Giglio, uma das sete ilhas do arquipélago toscano, sofreu um revés em sua história turística logo no início do ano. Entre o mar da Ligúria e o Tirreno, com pouco menos de 1.500 habitantes, a região assistiu a um naufrágio que, a cada dia, prova que o mar é uma incógnita. A gigantesca Concórdia — a maior embarcação da frota da empresa italiana Costa Crociere, construída em 2005 nos canteiros genoveses da Fincantieri — continua encalhada em frente à ilha. Na noite da inauguração, estranhamente, a garrafa de champanhe não se rompeu. Um presságio dos supersticiosos que, coincidência ou não, acabou se confirmando negativamente na noite de 13 de janeiro de 2012, em um acidente definido pelo diretor geral da Costa Crociere, Gianni Onorato, como “a maior tragédia da nossa navegação em 64 anos de história”, deixando um triste saldo de 17 mortes confirmadas e 15 desaparecidos. O transatlântico de 1500 cabines levava mais de quatro mil pessoas a bordo quando colidiu com uma rocha enquanto margeava a ilha, seguindo as ordens do comandante Francesco Schettino. Acusado de homicídio culposo múltiplo e abandono de navio, o capitão permanece em prisão domiciliar.
Frio e vento
atrapalham as operações
O mau tempo que afetou a Itália no início de fevereiro suspendeu por vários dias o início da retirada das 2,3 mil toneladas de combustível armazenadas nos tanques. As empresas responsáveis pela tarefa tinham previsto começar a extração em 28 de janeiro, mas a forte onda de frio, acompanhada do forte vento, adiou a operação e interrompeu o trabalho de busca dos desaparecidos. Mergulhadores disseram que a água dentro da embarcação estava se tornando mais turva a cada dia.
O prefeito da ilha, Sergio Ortelli, pediu a retomada dos trabalhos o mais rápido possível, não só por causa da poluição, mas também pela proximidade da temporada turística, principal atividade econômica de Giglio. Os combustíveis pesados devem ser bombardeados e os ambientalistas continuam alertando para o perigo de vazamento no santuário marinho de Giglio. O responsável da Defesa Civil italiana, Franco Gabrielli, calculou que serão necessários de sete a dez meses para remover o cruzeiro do litoral, mas garantiu que a carcaça será inteiramente removida.
O monitoramento dos movimentos do navio, no entanto, continua sendo feito pelos técnicos do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Florença, assim como o acompanhamento ambiental por parte do Instituto Superior para a Proteção e a Pesquisa Ambiental.
Ponto de interrogação
no mercado
Ainda não se sabe o exato impacto do naufrágio no mercado milionário dos cruzeiros. Afinal, alguns capítulos aguardam um desfecho, como a operação para evitar o derramamento de combustível no mar. Os operadores italianos, no entanto, temem prejuízos, especialmente depois que os confrontos civis no Norte da África prejudicaram o turismo nas águas mediterrâneas meridionais. Mas, segundo o delegato italiano da European Cruise Council, Roberto Martinoli, ainda não foram registradas grandes oscilações, com poucos cancelamentos mostrando que ainda existe confiança nos transatlânticos. Porém, nas últimas semanas, a América do Norte registrou uma queda no número de reservas, comunicou a empresa Royal Caribbean, informando que, na Europa, onde a cobertura do acidente pela mídia foi mais ampla, “o declínio foi bem maior, ainda que os resultados variem conforme o país”.