Em uma última tentativa de evitar eleições antecipadas, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, encarregou o economista Carlo Cottarelli de formar um novo governo, mas os números do Parlamento mostram que ele não deve conseguir o voto de confiança
Entre as grandes legendas do país, apenas o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, anunciou que apoiará Cottarelli como primeiro-ministro. “Essa é uma situação delicada, é difícil imaginar que a legislatura siga adiante. Agora é preciso dar uma mão ao presidente Mattarella. O PD deve estar pronto a qualquer cenário”, disse o líder interino da sigla, Maurizio Martina.
No entanto, o partido pode garantir apenas 17% dos votos no Parlamento, sendo que Cottarelli precisaria de maioria absoluta.
Apenas o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga, que tentaram empossar um governo guiado pelo semidesconhecido professor Giuseppe Conte, já seriam suficientes para não dar a confiança a Cottarelli, mas outras legendas também anunciaram que não apoiarão o escolhido de Mattarella.
O conservador moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, que havia sido cobrado pelo secretário da Liga, Matteo Salvini, a tomar uma posição clara, disse que “não pode dar a confiança a um governo técnico”. Pouco antes, Salvini havia ameaçado romper a aliança de direita caso Berlusconi apoiasse Cottarelli.
Mas até mesmo a coalizão de esquerda Livres e Iguais (LeU), formada por dissidentes do PD e defensora de Mattarella, não se entusiasmou com o economista. “A situação é dramática. É preciso rechaçar com força os ataques violentos ao presidente Mattarella e evitar o agravamento da crise institucional, mas, no plano exclusivamente político, não podemos apoiar o encargo a Cottarelli”, afirmou a líder da LeU no Senado, Loredana De Petris.
Enquanto isso, os comandantes da Liga, Matteo Salvini, e do M5S, Luigi Di Maio, querem aproveitar sua maioria no Parlamento para começar a implantar algumas medidas de seu “contrato de governo”. “Trabalhemos para dar início às comissões parlamentares. Enquanto não houver eleições, o Parlamento tem uma única maioria, M5S-Liga, e um contrato a ser realizado”, disse Di Maio.
“Trabalhamos seriamente por três semanas, agora transformemos o contrato em dois, 10 projetos de lei”, reforçou Salvini.
Enquanto a Itália não ganha um primeiro-ministro com plenos poderes, o país segue administrado por Paolo Gentiloni, do PD.
(Agência ANSA)