Ex-premier pediu que seu partido, o PD, fique na oposição
DA ANSA
O ex-primeiro-ministro italiano e secretário demissionário do Partido Democrático (PD), Matteo Renzi, disse hoje (6) que seria um “erro trágico” formar um governo com a coalizão de centro direita liderada pelo Lega ou com o partido antissistema Movimento 5 Stelle (M5S), vencedores das eleições legislativas do último domingo.
“O Movimento 5 Stelle e a centro-direita se insultaram por anos. Eles representam o oposto dos nossos valores. Foram eurocéticos, antipolíticos, usaram a linguagem do ódio. Disseram que somos corruptos, mafiosos, que temos as mãos manchadas de sangue da imigração. Não creio que mudaram de ideia de uma hora para outra”, disse Renzi.”Que façam o próprio governo, nós estamos fora”, acrescentou.
O M5S, criado pelo comediante Beppe Grillo e que tem o jovem Luigi di Maio como candidato a primeiro-ministro, foi o partido mais votado da Itália nas eleições de 4 de março. Mas não conseguiu voto suficiente para garantir a maioria absoluta no Parlamento.
O partido ultranacionista Lega, cujo candidato principal é Matteo Salvini, conseguiu cerca de 16% dos votos, formou uma coalizão com legendas de centro-direita, com o Forza Italia, de Silvio Berlusconi. Juntos, têm cerca de 33% dos votos. Mesmo assim, também precisariam de mais alianças para chegar à maioria no Parlamento.
“Pra mim, o PD deve ficar na oposição. Se alguém no nosso partido pensa diferente, que diga à direção na próxima segunda-feira ou nos grupos parlamentares. Sem insulto e sem polêmica. Quem quiser que o PD apoie a coalizão de direita ou o M5S, diga. Particularmente, acho que seria um erro trágico”, criticou.
Com a derrota do PD nas urnas, Renzi tem sido pressionado por alas do partido, que está rachado. Ele anunciou ontem que renunciaria à secretaria do PD. O atual primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, também é do PD e era ministro das Relações Exteriores de Renzi.