MONTEVIDÉU, 8 AGO (ANSA) – Alguns governos latino-americanos estão começando a demonstrar preocupação com relação à crise financeira mundial que vem afetando as economias norte-americana e europeia.
O governo uruguaio prevê um corte de gastos caso o país seja afetado pela crise, como assegurou hoje o presidente José Mujica. Segundo ele, "é óbvio que aquelas [despesas] que pareçam não tão imprescindíveis sejam as primeiras a serem recortadas".
Apesar de assegurar que seu país está blindado economicamente, Mujica considera o panorama econômico mundial "bastante decepcionante" e acredita que a recuperação da Europa e dos Estados Unidos "será muito lenta e cheia de incertezas".
No último domingo, o mandatário assinalou que a economia uruguaia pode diminuir seu ritmo, mas descartou um "desastre", afirmando que o país não voltará a sofrer uma crise como a de 2002, uma das piores de sua história.
Na Colômbia, o ministro da Fazenda, Juan Carlos Echeverry, afirmou hoje que o país está preparado para enfrentar a crise e pediu que a população tenha cautela na hora de gastar e poupar seu dinheiro.
Ele considerou "inevitável" a chegada de um ou dois anos "turbulentos" para a economia mundial por conta da tensão gerada pelas dúvidas a respeito do pagamento da dívida norte-americana e o estado pelo qual estão passando atualmente as finanças dos países europeus.
Para suportar esta "turbulência", o país preparou "colchões" financeiros, como os US$ 8 bilhões que o governo está aplicando no Banco da República, além de um bônus de US$ 2 bilhões no exterior.
A Colômbia ainda pediu um empréstimo de US$ 6 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Dessa forma, caso seja necessário, o país pode juntar a soma de US$ 32 bilhões em reservas financeiras.
Por sua vez, o ministro da Fazenda mexicano, Ernesto Cordero, em declarações à rede de emissoras Televisa, afirmou que a turbulência norte-americana "não é nenhum resfriado", como havia afirmado anteriormente o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens.
Pelo contrário, o ministro disse acreditar em uma futura "volatilidade dos mercados financeiros e cambiais", mas descartou que o México reduza sua projeção de crescimento para este ano, que é de 4,3%. Ele também rejeitou a possibilidade de uma nova recessão no país.
No Brasil, a crise financeira será discutida hoje em uma conferência de coordenação política entre a presidente Dilma Rousseff e seus ministros.
As bolsas latino-americanas abriram em forte queda seguindo o comportamento registrado nos demais mercados do mundo. (ANSA)