O Circolo Italiano de São Paulo reuniu dezenas de torcedores da seleção italiana, eliminada nas quartas-de-final, durante os jogos da Copa Euro. O goleiro Buffon foi o preferido da torcida
Itália é sempre Itália. Fenômeno mundial. Em Roma, Milão, Nápoles, Bolonha, na Austrália, nos Estados Unidos, na França e até, ou melhor, principalmente, em São Paulo, cidade brasileira que mais acolheu imigrantes do Belpaese. Ocasião perfeita para reunir italianos, oriundi e mesmo agregados simpatizantes da causa. O Circolo Italiano na capital paulista foi o ponto de encontro para ver a azzurra jogar na Copa Europeia de Seleções, disputada em terras francesas nos meses de junho e julho. Nem sempre o fuso horário ajudou. A diferença de cinco horas em relação ao país onde se disputou a competição fez com que muitos jogos fossem transmitidos ao vivo pela televisão em dias úteis, em pleno horário de trabalho. Nesse caso, quem ajudou a ver a seleção italiana foi o jeitinho brasileiro.
O perito em engenharia elétrica Giovanni Manassero, vice-presidente do Circolo Italiano e presidente do Juventus Fan Club de São Paulo, emigrou para o Brasil no início da década de 1970. Casou-se com uma brasileira, voltou para Turim, sua cidade, e pouco depois estabeleceu-se definitivamente na megalópole paulista. O espaço para eventos de natureza diversa já recebeu nomes ilustres:
— Carlo Azeglio Ciampi e Giorgio Napolitano, então presidentes da República Italiana, passaram por aqui. Nós nos reunimos no restaurante para ver os jogos. Na Copa do Mundo de 2014, chegamos a receber 150, 200 pessoas — lembra Manassero.
Waldemar Manassero, filho de Giovanni e presidente do Grupo de Jovens do Circolo, teve a ideia de reunir os tifosi para ver as partidas:
— Foi ótimo trazer as pessoas para o Circolo, curtir o espaço. Aqui tudo cheira a italianidade. É até interessante pensar, programar a logística para sair do trabalho no centro e assistir ao jogo na hora do almoço. As pessoas participam. É bacana. Depende muito do horário. Na Copa do Mundo de 2014, por exemplo, Itália x Inglaterra, disputada num sábado à noite, havia 400 pessoas. Mas Itália x Costa Rica, Itália x Uruguai, que foram em dias de semana à tarde, umas dez. Agora na Copa Europeia, na hora do almoço, tivemos 40, 50 pessoas em dias úteis. Há italianos, oriundos, além de pessoas de outras origens que gostam da seleção. Todos são bem-vindos — explica Waldemar.
A seleção italiana também conta com oriundos. O atacante Éder e o meio-campo Thiago Motta, por exemplo, nasceram no Brasil. Mas isso não incomoda a torcida:
— Não há preconceito. O importante é que saiba representar as cores da Itália — afirma o presidente do Grupo Jovem do espaço.
O ambiente é de muita cordialidade, mas agitado. A latinidade de italianos e brasileiros se faz presente na hora de torcer:
— É uma torcida tensa, barulhenta, mas bastante festiva — conta Waldemar.
Apesar de a seleção italiana ter vencido a Espanha por 2 a 0 nas oitavas-de-final da Eurocopa, Waldemar não livrou o árbitro do jogo, o turco Cuneyt Çakir, que também apitou a vitória do Barcelona sobre o seu Juventus por 3 a 1 na final da Liga dos Campeões Europeus em 2015.
— Ele prejudicou a Itália contra a Espanha. Já tinha deixado de marcar um pênalti de Daniel Alves em Pogba, quando o Barcelona ainda vencia por 2 a 1 — lembra.
Pelo menos na próxima temporada, Daniel Alves, que é brasileiro, vai jogar no time de Waldemar na Itália. O Juventus contratou recentemente o lateral-direito do Barcelona.
Contra a Alemanha, num sábado, o Circolo recebeu o maior número de torcedores nesta Euro, em torno de 120 pessoas. A Itália acabou eliminada nos pênaltis nas quartas-de-final, depois de 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, mas não decepcionou Waldemar:
— Torcemos muito. A Itália jogou bem. O preferido da torcida? Buffon. É genial. A zaga juventina também, com Barzagli, Bonucci e Chiellini.
Mas o Circolo Italiano em São Paulo não acolhe os tifosi somente para jogos da seleção. O campeonato italiano às vezes também dá Ibope.
— Depende do time que joga. No Roma x Lazio, clássico da capital, havia umas 100 pessoas. No Juventus-Milan, 40; no Juve-Roma, 70. Na decisão europeia em 2015, entre Juventus e Barcelona, 50, 60. Sou membro do Juventus Fan Club. Há também clubes de torcedores do Roma, do Milan, que fazem parte do Circolo — conta o presidente do Grupo Jovem.