Membros da sociedade civil e ONG italianas organizam uma campanha para indicar o prefeito de Riace, Domenico “Mimmo” Lucano, ao Prêmio Nobel da Paz de 2019
A cidade do sul da Itália promoveu a integração de refugiados à economia local, em modelo que é combatido pelo governo da ultranacionalista Liga, liderado pelo vice-premier e ministro do Interior italiano, Matteo Salvini.
Lucano ganhou fama internacional por seus projetos de acolhimento de migrantes e refugiados. Suas ações o fizeram entrar, em 2016, na lista dos 50 maiores “líderes” do mundo da revista “Fortune”.
Em seus mandatos, ele ofereceu casas abandonadas e treinamento profissional a estrangeiros, além de uma “bolsa trabalho”, ajudando a recuperar a economia de Riace, afetada pelo esvaziamento populacional que atinge muitos vilarejos italianos. A pequena cidade fica na região da Calábria e tem 2,3 mil habitantes.
Esses projetos, no entanto, correm o risco de desaparecer por causa do bloqueio de repasses imposto pelo Ministério do Interior, que ainda não enviou recursos para a cidade em 2018.
Lucano foi obrigado pela Justiça a exilar-se da cidade para “impedir a reincidência do crime de imigração ilegal”. Ele é investigado por suspeita de ter facilitado casamentos forjados para garantir a permanência no país de migrantes em situação irregular. O Ministério do Interior ainda o acusa de irregularidades no uso de recursos nacionais para financiar projetos de acolhimento.
“Os atos judicias praticados contra Lucano parecem ser uma uma clara tentativa de pôr termo a uma experiência que contrasta claramente com as atividades de governos que se opõem à recepção e inclusão de refugiados e mostram tolerância em casos de atividades fraudulentas postas em prática em centros de acolhimento de toda a Itália em uma região em que o crime organizado, muitas vezes opera impunemente”, diz um comunicado do grupo de instituições, que inclui ONGs como a “Comunitá di Base di San Paolo”, a “Recosol”, a “Left” e a “ISDEE”.
(R7)