A Fendi apresentou na quinta-feira (20) uma coleção com inspiração na personagem dos quadrinhos e do cinema Lara Croft, voltada para uma mulher guerreira e chique, enquanto a Prada brincou com os choques criados por desavenças entre mulheres fortes, no segundo dia da Semana de Moda de Milão
Na própria Fundação Prada, a famosa marca usou como trilha sonora a música techno no mais alto volume para desfilar seus looks aparentemente clássicos e arrumados que acabam por revelar rachaduras, rasgos e fendas usadas por Miuccia Prada para representar esse confronto.
“Quis jogar com todos os clichês típicos do vestuário feminino, a saia de tênis, o sobretudo, as faixas de cabelos da dama, camisa de tecido… e rasgá-los nos cotovelos e nas costas para mostrar o contraste da mulher forte que a Prada sempre quis inspirar e representar”, disse a estilista em entrevista à agência france press após o desfile.
Como de costume, a política e o feminismo foram o fio condutor para a marca, “contra o conservadorismo galopante da moda”, disse a estilista.
A diretora de cinema Sofia Coppola falou em entrevista à AFP da “força dessas mulheres com aspecto de damas que na realidade são meninas más”.
Na passarela desfilaram também as criações de três mulheres arquitetas, convidadas pela marca para trabalhar o náilon, seu material-fetiche.
A americana Elizabeth Diller apresentou uma bolsa reversível que se transforma em um casaco impermeável.
No desfile da Fendi, a dupla formada por Karl Lagerfeld e Silvia Venturini Fendi apresentou uma coleção para uma mulher guerreira, pronta para enfrentar a selva urbana, com um armário onde o pragmatismo se mistura ao exotismo.
– “Competente, prática e sensual” –
Tanto as jaquetas quanto os cintos têm pequenos bolsos com zíperes, tão práticos quanto estéticos. Os tecidos têm microperfurações para ventilação e as formas são masculinas.
As modelagens são gráficas graças ao uso de corpetes de couro e popeline, tecido de algodão muito usado em camisas masculinas.
A marca flerta ainda com as influências esportivas, com tops e bermudas de ciclismo combinadas a camisas longas.
Para fechar, surgem jaquetas “bomber” fluidas, longas e curtas, saias plissadas e estampadas com o logotipo FF, e uma paleta que inclui cores como verde-sálvia, conhaque, tangerina e areia.
“Eu gosto da mistura entre rigidez, estrutura e fluidez da coleção, pensada para uma mulher competente, prática e ao mesmo tempo sensual”, disse em entrevista à AFP Delfina Delettrez-Fendi, filha de Silvia Fendi e criadora de sua própria linha de joias.
Como de costume, entre os espectadores estavam vários “influencers”, como a italiana Chiara Ferragni, que tem 15 milhões de seguidores, e a rapper americana Niki Minaj, sob o olhar do novo CEO da marca, Serge Brunschwig.
Pela manhã, a Max Mara apresentou sua coleção para uma mulher amazona, disposta a atravessar o deserto ou a savana. As peças são cheias de camadas, para cobrir-se como os beduínos, e as cores acompanham em um tom sobre tom de areia, ocre, verde e cinza.
Algumas das modelos desfilaram com a cabeça coberta por véu, lembrando um hijab. As bolsas aparecem a tiracolo, trazendo uma opção muito prática.
A maratona de quinta-feira vai terminou com o esperado desfile da Emporio Armani, que montou sua passarela no aeroporto de Milão-Linate.
(AFP)