Comunità Italiana

Hora da virada

{mosimage}Setor náutico italiano se reúne em Gênova em outubro e aposta nos mercados emergentes para não afundar na crise

Entre os dias 1° e 9 de outubro, Gênova vai se transformar no cen tro mundial dos barcos a vela e a motor. O Salão Naútico de Gênova abre as portas para um mundo de novidades. Em meio à tempestade provocada pela crise de 2008, e ainda sob os efeitos das ondas do tsunami financeiro que causou danos e prejuízos, os orga nizadores apostam no otimismo cauto para recuperar a dianteira. De um total de cerca de duas mil embarcações, 450 são novos mo delos vistos pela primeira vez em público. Os estaleiros navais conti nuaram a investir em pesquisa e na prospecção de novos mercados. Es tes são sinais fortes da tenacidade da indústria naval italiana, líder na fabricação de embarcações de luxo.

Os números do evento falam por si: são seis grandes pavilhões em terra firme, além de ruas e pra ças ocupadas por veleiros e iates. Durante nove dias, outros aconte cimentos ocupam os corações e as mentes dos genoveses e dos visitan tes. Um deles é o GenovainBlue, com uma série de manifestações cul turais relacionadas ao mundo das embarcações em museus e teatros. Cerca de 1.300 expositores arma rão suas tendas para vender, sendo quase 35% de origem estrangeira do além mar. Seminários e debates também promovem o conhecimento e a troca de ideias sobre o mercado e a tecnologia do futuro.

Salva-vidas

Mas estas são as boas novas. As más notícias chegam através do Observatório Náutica e Finança, que todos os anos faz uma ecogra fia do setor. Dele, sai a informação de que os mercados emergentes são a tábua de salvação dos estalei ros. Foram avaliados os estados de saúde de 53 construtores dos quais 33 tiveram resultados nega tivos e 31 empresas que giram ao redor dos estaleiros, com 38% de perdas. Um exemplo são as 23

empresas do setor náu tico que entraram com uma recurso junto ao tribunal de Spezia con tra o estaleiro naval Baglietto por falta de pagamento de créditos. Outro dado é a redução da produção no mer cado internacional dos megaiates em 27%, e isso significa uma per da de faturamento de 9 bilhões de euros. A Itália retraiu a sua cota

de participação nas vendas inter nacionais, caindo de 51% para 50,2%. O consumo interno dimi nuiu em 33,9%, mas, no campo da exportação, a queda nas compras foi de apenas 20,5%. Pelo se gundo ano consecutivo, o mercado estrangeiro serviu de salva vidas para as vendas.

Os dados negativos, no entanto, deixam margem de manobra para os timoneiros italianos demonstra rem a sua força. O país ainda é o líder mundial do setor. E a forte presença italiana no exterior deve ser o pon to de partida para uma retoma do crescimento. Somente agora, a Chi na descobre os prazeres da cultura marítima. Os olhos puxados arrega lam se diante dos iates e da beleza do design, além da potência e da tecno logia das embarcações made in Italy. Profissionalismo e coragem formam os propulsores deste barco italiano pronto para vencer o maremoto im posto pelo mundo das finanças.

Equilíbrio

A gangorra provocada pelos em préstimos bancários no tempo das vacas gordas e as perdas concre tas durante a crise mostram que o setor deve desintoxicar se dos cré ditos e débitos e seguir em frente com o próprio combústivel. O equi líbrio entre empréstimos e injeções de capitais pode ajudar a diminuir o rombo no casco dos estaleiros. E, como sempre, quem paga os prejuí zos é o lado mais fraco da corda: as pequenas e médias empresas. 

Nos últimos dois anos, o setor da náutica italiana assistiu a um fenômeno de localização de estaleiros como o Azimuth. A produção migra para países como o Brasil, a Turquia e a China, em busca de custos mais baixos e clientes com a carteira mais cheia e líquida. Uma das saídas apontadas é o investimento em turismo náutico e o leasing junto a empresas e estaleiros que preservem a identidade cultural e industrial de um país que nada com as forças reduzidas ao mínimo para tentar não afundar e permanecer na superfície. Os armadores sabem que agora contas se fazem com o número de barcos vendi dos de um lado e o custo de produção do outro, sem margens para contorcionismos contábeis ou manobras esquivas da realidade.