Comunità Italiana

Igualdade de gênero, Mujica e Charles Manson são alguns dos temas presentes no Festival de Veneza

 

Os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Veneza assinaram uma promessa na última sexta-feira (31) de trabalhar em direção à igualdade de gênero, esperando acalmar críticos que os acusaram de colocar de lado cineastas mulheres

O Festival de Veneza segue os festivais europeus de Cannes e Locarno ao prometer um número igual de mulheres e homens em sua alta administração até 2020 – mas rejeitou qualquer sistema de cotas para selecionar os filmes que irão competir.

Entre os 21 filmes disputando o Leão de Ouro neste ano, somente um foi dirigido por uma mulher: “The Nightingale”, da australiana Jennifer Kent.

A promessa não chega nem perto do que algumas pessoas exigem. Em carta aberta a Alberto Barbera, diretor artístico do festival, manifestantes pediram uma dura ação para encerrar um “sistema manipulado que favorece principalmente homens brancos”.

“Alberto Barbera, você irá prometer igualdade de gênero 50/50 para diretoras? Você terá seu time treinado em Vieses Inconscientes?”, dizia a carta da Rede Audiovisual Europeia de Mulheres e da rede internacional Mulheres em Filmes & TV.

Ex-guerrilheiro e ex-presidente uruguaio José Mujica

Mujica no Festival

O ex-guerrilheiro e ex-presidente uruguaio José Mujica chegou no domingo (2) ao Festival de Veneza para a estreia do documentário do diretor sérvio Emir Kusturica, “El Pepe, una vida suprema”, dedicado à sua visão de mundo, suas convicções políticas e éticas.

O filme sobre os horrores da ditadura, apresentado fora de competição no grande salão do Palazzo del Cinema, conta o dramático e longo encarceramento de Mujica em condições terríveis, sua luta para sobreviver, o valor da introspecção, da profunda solidão em que viveu por mais de um década nos calabouços da ditadura militar.

“Você aprende com o que você vive, não com o que contam”, explicou Mujica em uma entrevista à rádio italiana na qual falou sobre a América Latina, Europa e sua relação com o poder.

Elenco do filme ‘Charlie Says’ apresentado no Festival Internacional de Cinema de Veneza

Charlie Says

Dirigido pela canadense Mary Harron, que fez “Psicopata Americano” (2000), com Christian Bale no papel principal, “Charlie Says” é ambientado três anos após os assassinatos de, entre outros, a esposa de Roman Polanski, Sharon Tate, e o filho ainda em seu ventre.

Matt Smith, astro da série “Doctor Who”, interpreta Manson, um pequeno criminoso de olhos arregalados que cria uma comunidade hippie onde seus seguidores o adoram como um messias, apegando-se a cada palavra de suas incoerentes profecias sobre o Armagedom.

A roteirista Guinevere Turner, que coescreveu o roteiro de “Psicopata Americano” com Harron, disse que queria mostrar como pode não ser tão difícil quanto se pensa cair no conto de um vigarista carismático, se ele estivesse oferecendo a promessa do verdadeiro amor e da salvação.

“Eu meio que tentei implicar o público em ‘o que você faria?’ Foi tudo muito divertido e feliz, orgias e drogas no começo, e isso foi ótimo. E então isso mudou. A dúvida é: em que parte da jornada você teria ido embora?”

“Charlie Says” está competindo no segmento Orizzonti do Festival de Cinema de Veneza, que vai até o dia 8 de setembro.

O Festival Internacional de Cinema de Veneza vai de 29 de agosto a 8 de setembro