Comunità Italiana

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Adenor Leonardo Bacchi. Quando alguém pronuncia este nome, a maioria não sabe de quem se trata. Mas quem acompanha futebol o conhece pelo apelido: Tite. Um dos principais técnicos brasileiros da atualidade, faz uma campanha sensacional no comando do Corinthians na Série A 2015. Já conquistou títulos importantes, como a Taça Libertadores da América e Mundial pelo mesmo clube paulista em 2012. Tite tem origens italianas. E nasceu em um município gaúcho onde a imigração foi marcante: Caxias do Sul. Ele contou ao repórter Maurício Cannone um pouco da história da sua família, que está no Brasil há quatro gerações.

Bacchi mesmo ou Bachi? Na verdade, o sobrenome de Tite é registrado com um só “c”. Porém, seu irmão Miro revelou à Comunità que houve um erro do escrivão no cartório brasileiro na hora de registrar o sobrenome da família paterna. A imigração para o Brasil ocorreu em 1883. A origem é Viadana, na província de Mântova, na região da Lombardia. Como tantos imigrantes, os bisavós de Tite, Andrea Bacchi e Maria Domenica Mazzocchi Bacchi, eram camponeses que vieram trabalhar no cultivo da uva, na colônia gaúcha de São Braz. Por sinal, os casamentos entre as famílias Bacchi e Mazzocchi eram comuns. O pai de Tite, já falecido, Genor Bachi, casou-se com a mãe do atual técnico do Corinthians, Thereza Mazzocchi Bachi, com quem hoje o treinador pratica o talian, mistura de dialetos italianos, principalmente o vêneto, com o português que se transformou em uma nova língua.
Em 2014, ano em que Tite não treinou times, mas se dedicou a estudos e à atualização profissional antes de voltar ao Corinthians na temporada de 2015, o técnico esteve com o colega italiano Carlo Ancelotti, então treinador do Real Madrid, da Espanha, campeão europeu da temporada 2013-2014. Na ocasião, foi o talian que facilitou a comunicação entre ambos:
— O Ancelotti disse que eu falava um italiano de 50 anos atrás. Talvez tenha sido isso que nos aproximou. Ele é uma pessoa acessível. Fomos jantar umas duas vezes. No futuro, eu gostaria de trabalhar no futebol italiano ou espanhol pela proximidade das línguas. No Internazionale de Milão, tenho contato com o Silvinho, que foi meu auxiliar no Corinthians e agora trabalha como assistente do técnico Mancini — revelou Tite.
A maior diversão do menino Adenor já era o futebol, desde a infância. Ele e o irmão Miro pulavam o muro para jogar bola no colégio de freiras Madre Imilda, ao lado da casa onde moravam em Caxias do Sul:
— As freiras ficavam de saco cheio — lembra, com bom-humor, Miro, hoje professor de Educação Física.
Outro famoso técnico oriundo foi decisivo no início da carreira de jogador de Tite: Luiz Felipe Scolari. Na época zagueiro do Caxias, um dos clubes da cidade gaúcha, Scolari era também técnico do time do colégio no qual fazia estágio como professor de educação física. Em um campeonato escolar, preparava-se para enfrentar o colégio de Tite, na época conhecido como Ade, de Adenor. Scolari foi informado de que, na equipe adversária, havia um garoto muito bom, um tal de Tite, que na verdade era outro estudante. Mas quem se destacou no jogo foi Adenor. Scolari pensou que ele era Tite e passou a chamá-lo assim. O apelido pegou e nunca mais foi mudado. Tite, então com 17 anos, já treinava nas categorias de base do Juventude, outro clube da cidade, mas foi convencido por Scolari a ir para o Caxias. No Juventude, estava sendo utilizado como jogador de defesa, mas gostava mesmo de jogar no meio de campo, posição que Scolari prometeu se viesse para o Caxias. Assim, começou a carreira do jogador que se tornou um dos principais técnicos do Brasil.
Católico fervoroso e pai de Gabrielle e Matheus, Tite trouxe seu filho para a comissão técnica do Corinthians como um de seus auxiliares. Matheus é formado em Ciência do Exercício Físico nos Estados Unidos. Observa jogadores, faz estatísticas, trabalha com informática e exerce outras funções, ajudando o pai a melhorar o rendimento do time paulista.

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