As recordações de Ayrton Senna continuam vivas, pois os grandes são imortais. Há duas décadas da trágica morte do piloto no fatídico GP de San Marino em 1º de maio de 1994, o autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, dará a largada a uma grande comemoração. O evento vai começar no próximo 30 de abril com uma missa no Duomo de Ímola em homenagem a Senna e a Roland Ratzenberger, piloto austríaco que morreu um dia antes do brasileiro. As manifestações vão durar até 4 de maio. Durante a coletiva de apresentação em Milão na loja da Pirelli, organizada pelo clube F1Passion.it, foi mostrado o Kart Parilla, guiado pelo tricampeão mundial no início de sua carreira. A programação inclui corridas de carros, de motos e de bicicletas, partida de futebol com pilotos de F1 e exposições de carros, karts, objetos, troféus e outros itens utilizados pelo brasileiro. O evento conta com o patrocínio do Instituto Ayrton Senna, em São Paulo. As informações sobre a programação estão no site www.f1passion.it
O trágico fim de semana em Ímola mudou a história da Fórmula 1
De 29 de abril, uma sexta-feira, até 1° de maio de 1994, o autódromo de Ímola parecia coberto por uma névoa de maldição, onde aconteceram vários acidentes, dos quais dois fatais.
Na sexta-feira, durante as provas livres, a Jordan de Rubens Barrichello decolou e capotou várias vezes na Variante Bassa. O piloto brasileiro foi imediatamente socorrido, levado primeiro ao ambulatório do autódromo e depois ao hospital Maggiore, de Bolonha. Rubinho quebrou o nariz e um braço e rachou uma costela, além sofrer uma leve amnésia.
No sábado, a Simtek de Roland Ratzenberger, no terceiro Grande Prêmio de Fórmula 1 de sua carreira, correndo a uma velocidade de 306 km/h, bateu contra o muro da curva Villeneuve. O piloto austríaco morreu pouco depois no hospital Maggiore de Bolonha, com apenas 34 anos.
A nuvem negra continuou por ali no domingo. Logo na partida do GP, o semáforo verde acendeu, mas a Benetton do finlandês J. Lehto ficou parada. Os carros que estavam atrás conseguiram evitá-la, exceto a Lotus guiada pelo português Pedro Lamy. O impacto foi violento e voaram destroços e um pneu na tribuna, ferindo nove pessoas, das quais uma de maneira muito grave.
A corrida foi interrompida e, depois do intervalo, às 14h17, a Willians de Ayrton Senna, na curva de Tamburello, saiu da pista e bateu no muro de proteção. A perícia técnica apurou que a barra push-rod da suspensão da Williams perfurou o seu casco e, entrando em sua fronte, pressionou sua cabeça contra a parte de trás do cockpit, o que causou a fratura de toda a base craniana. Senna teve desde lesões ósseas genéricas a amplos e irreversíveis danos no tecido nervoso. Ele foi declarado morto às 18h40. Apesar da tragédia, a corrida continuou com outros acidentes. Quando faltavam dez voltas para o fim, a roda traseira direita da Minardi de Michele Alboreto se soltou do eixo quando deixava o boxe, golpeando dois mecânicos da sua ex-equipe, a Ferrari, e dois mecânicos da Lotus, que foram levados para o hospital por causa dos ferimentos. Aquela maldita corrida foi vencida pelo alemão Michael Schumacher com a Benetton, à frente do italiano Nicola Larini com a Ferrari e do finlandês Mika Hakkinen com a McLaren.
Logo depois deste horrível Grande Prêmio de Ímola, começaram as mudanças na Fórmula 1. Uma delas foi a criação da Associação dos Pilotos. A pista foi modificada, principalmente nos lugares onde aconteceram os acidentes. Muitas mudanças também foram feitas nos pontos perigosos de outros circuitos. Além disso, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) introduziu o limite de velocidade no boxe e impôs uma redução gradual no desempenho dos carros. Desde aquele fim de semana de maio de 1994, não aconteceu mais nenhum acidente mortal durante um GP de Fórmula 1.
“Vinte anos se passaram desde aquele longo fim de semana de medo em Ímola. Desde aquele Grande Prêmio que você não conseguiu completar. Desde então, todos os dias falamos sobre você, dos seus recordes que são alcançados, daqueles que são superados (mas se você ainda estivesse lá, quem sabe!), das poles positions que você arrancou no último minuto, das suas ultrapassagens calibradas com precisão maníaca, dos seus sorrisos tristes e planos para o futuro com a sua Fundação. Ainda há tudo isso em nossos pensamentos. E, se no primeiro fim de semana de maio, nos encontrássemos em Ímola com seus carros, seus amigos, seus sonhos?”
Ezio Zermiani, curador do
Ayrton Senna Tribute 1994 / 2014