Comunità Italiana

Intercâmbio financeiro

Setor bancário italiano presente no Brasil, exclusivo para empresas, pretende dialogar com as instituições brasileiras

Empresários italianos que atuam no Brasil e empresas brasileiras presentes na Itália devem contar, cada vez mais, com a integração de procedimentos financeiros entre os dois países. É o que declarou o vice-presidente da Associação Bancária Italiana (ABI), Guido Rosa, com exclusividade para a Comunità.
— Pretendemos aumentar o relacionamento com as instituições bancárias brasileiras para servir aos clientes nos dois países, em sintonia — afirmou Rosa.
A intenção de aproximação foi o resultado de reuniões que se iniciaram em setembro, em evento realizado pelo Banco do Brasil e pela Embaixada da Itália, com a participação de aproximadamente 70 empresários dos dois países e da ABI, em Brasília. Posteriormente, durante a missão empresarial Brasil-Itália, em São Paulo, no mês de novembro, as pretensões se consolidaram ainda mais.
— Em 2016, tivemos as primeiras reuniões desse gênero, do ambiente regulatório de concessões e possibilidades de constituir novos consórcios, para apoiar projetos de investimento na infraestrutura brasileira. Estamos em contato com as empresas italianas para aproximação e orientação — disse Geraldo Dezena, vice-presidente do Banco do Brasil.
Agora, o momento é de fomentar parcerias financeiras e jurídicas, inclusive para o Projeto Crescer, do governo federal brasileiro, que ampliará a participação de empresas nacionais e estrangeiras em obras de infraestrutura, com perspectiva de maior transparência, a partir de 2017.
— Nosso sistema bancário dá uma extraordinária atenção ao Brasil, aos financiamentos e acordos comerciais. Por isso, pretendemos consolidar, cada vez mais, a aproximação com o sistema bancário brasileiro, para oferecer suporte à clientela de empresas brasileiras e estrangeiras — finaliza Rosa.

Intesa Sanpaolo oferece serviços a empresas no Brasil há dois anos
Único banco italiano presente no Brasil, o Intesa Sanpaolo (ISP) oferece soluções às empresas e investimentos. Com quase dois anos em atuação no solo brasileiro, a filial da ISP, lançada em maio de 2015, tem autorização para operar em moeda local e no mercado de câmbio. O multibanco atua em todos os aspectos como um parceiro industrial para as empresas italianas, brasileiras e internacionais que operam no país. Também com ênfase nos setores de infraestrutura, em especial petróleo e gás, energia e agronegócio, o escritório de São Paulo do banco fornece produtos e serviços, como consultoria sobre o mercado brasileiro, gestão de caixa, financiamento comercial, à exportação e factoring, bem como produtos para a gestão da liquidez. Já os bancos italianos Unicredit e UBI possuem apenas escritórios de representação no Brasil, para oferecerem suporte aos clientes que possuem contas no exterior. O BNP Paribas, outra marca financeira italiana, já não opera no Brasil há alguns anos, segundo nota oficial do banco.
A intenção de ampliar a integração entre os sistemas bancários é uma forma de estimular a economia dos dois países, visto que, com a crise financeira global, grandes bancos fecharam as portas em países em desenvolvimento, como o Brasil.
Segundo um relatório sobre integração financeira na América Latina divulgado pelo FMI, em 2016, diversos bancos estrangeiros, em especial dos Estados Unidos e da Europa, optaram por fechar filiais na região. Entre as recomendações do Fundo para reverter a situação e estimular a economia está a integração de processos e o incentivo à infraestrutura. Ainda de acordo com a recomendação do FMI, o acesso aos projetos de infraestrutura daria um impulso ao desenvolvimento da economia regional e dos mercados de valores mobiliários, uma vez que esse tipo de projeto requer investimentos de longo prazo e beneficiaria a todos.
A integração financeira regional poderia ser um caminho para a integração global, como facilitar a adoção das melhores práticas de supervisão e contabilidade. Isso poderia também beneficiar o investimento interno e a estabilidade, defendem os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e Diva Singh.