Sucesso na Itália, banda de gaúchos retorna ao Brasil para estreia nacional
{mosimage}Todo mundo sabe que viver de música é difícil. Iniciar carreira no exterior, então… É quase utopia. E quando a história começa de repente, sem ter planejado a carreira musical? Foi o que aconteceu com a banda brasileira Selton. Reunidos ao acaso em Barcelona, os quatro guris de Porto Alegre tocaram no mesmo festival que Deep Purple e Jamiroquai, gravaram um CD, se mudaram para Milão e foram notícia dos principais veículos do país. No caminho inverso da maioria dos artistas, em março, conquistaram o público brasileiro com shows em Caxias do Sul, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
Tudo começou em 2005 quando os amigos de infância Daniel Plentz, Eduardo Stein, Ramiro Levy e Ricardo Fischmann tiveram a mesma ideia: trancar a faculdade e viajar pela Europa. Coincidências à parte, o destino reservou outra surpresa: um encontro na terra de Gaudí. Para garantirem o sustento, decidiram montar uma banda cover dos Beatles, tendo como palco o famoso Parque Güell.
— Ao invés de trabalharmos como garçom ou qualquer outra coisa, decidimos tocar na rua e ver o que aconteceria. A gente se divertia horrores — lembra Ramiro, 25 anos, ex-estudante de Psicologia.
Todavia, a banda precisava de um nome. Com tantas coincidências, e sem a responsabilidade de serem profissionais, a escolha foi fácil.
— Selton é uma palavra que usamos entre nós e significa uma conexão, transmissão de pensamento. Acontece muito isso. Um pensa e o outro acaba falando. É algo totalmente nosso — explica.
Em 2006, um produtor da MTV italiana gravava um programa na cidade quando se deparou com os garotos assistidos pelos turistas. Uma tarde foi o suficiente para convidá-los para uma viagem até Milão. Assim surgiu o “Banana à Milanesa”, que rendeu mais de 200 shows pela Itália e garantiu o Prêmio Targa Bigi Barbieri como grupo revelação.
— O primeiro CD são músicas dos anos 60, do Enzo Jannacci. Nós fizemos as nossas versões traduzindo para o português. O disco teve uma repercussão incrível.
Em pouco tempo, Selton estampava as páginas da edição italiana da Vanity Fair e do jornal Corriere della Serra.
Com um estilo musical totalmente eclético, a banda resgata o som da Tropicália, combinado com música eletrônica. Perguntado se o grupo se encaixa em algum gênero específico, o guitarrista Ramiro esclarece:
— Não existe um gênero determinado. Buscamos inspiração n’Os Mutantes, Gilberto Gil, Caetano Veloso… Beatles e Brasil é a mistura que define bem o que fazemos.
A influência também vem da Itália: banda Calibro 35. Afinidade que gerou projetos. Massimo Martellotta, produtor do grupo italiano, lançou o segundo CD dos brasileiros.
— Dessa vez quisemos algo próprio. Compusemos originalmente em inglês e português. Daí traduzimos para o italiano. Fizemos tudo ao contrário — conta Ramiro.
O lançamento do segundo álbum, intitulado “Selton”, foi em novembro de 2010. Em dois meses, eles realizaram 35 shows. Realidade que muitos músicos gostariam de usufruir. Sobre o apoio de produtores importantes e a boa receptividade do público e da crítica local, Ramiro conclui:
— Viver de música é difícil sempre. Nunca imaginamos isso tudo. No inicio a ideia era tocar pra nos divertir. Os quatro queriam voltar pro Brasil, retomar a faculdade. Mas a viagem tomou proporções absurdas. Lá, de alguma maneira, começamos muito bem. Eles tem um carinho muito grande pelos brasileiros. Eles nem sabem o porquê, mas gostam do Brasil. (risos)
Os singles “Non lo so” e “Anima Leggera” já dispararam nas rádios e na internet. O grupo está de malas prontas para Milão, em nova turnê, mas garante novos shows por aqui, em novembro deste ano. Até lá, o público pode acompanhá-los através das famosas mídias sociais. (www.myspace.com/seltonselton e http://twitter.com/seltonmusic).