A Autoridade para a Garantia nas Comunicações da Itália (Agcom) enviou ao Facebook um pedido de informações sobre o uso de dados de usuários para fins políticos por parte de terceiros
A notícia chega em meio ao escândalo envolvendo a empresa britânica “Cambridge Analytica”, acusada de violar as informações de 50 milhões de usuários nos Estados Unidos por meio de um teste de personalidade desenvolvido por um acadêmico russo.
O episódio já serviu de motivo para os parlamentos do Reino Unido e da União Europeia convocarem o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, para dar explicações e derrubou as ações da rede social na bolsa eletrônica Nasdaq.
“A companhia [Facebook] coloca à disposição dos usuários aplicativos desenvolvidos por sujeitos de fora da plataforma. Esses apps permitem a coleta de dados dos usuários de tal forma a consentir a realização de campanhas com foco na comunicação publicitária de caráter político-eleitoral”, diz uma nota da Agcom.
A autoridade ainda lembra que tais técnicas foram utilizadas pela Cambridge Analytica na Itália em 2012. Naquele ano, segundo a própria empresa britânica, ela prestou serviços para um “ressurgido partido político italiano que tivera seus últimos sucessos nos anos 1980” – essa descrição não se encaixa exatamente com nenhuma das principais legendas do país na atualidade.
“A moderna e flexível estrutura organizacional resultante das reformas sugeridas pela CA [Cambridge Analytica] permitiu que o partido superasse suas expectativas iniciais em um período de turbulência na política italiana”, diz um texto no site da consultoria.
A Agcom já vinha acompanhando com atenção o papel das redes sociais no cenário político por causa das eleições de 4 de março, vencidas por partidos populistas. “Esse segundo pedido, portanto, é uma continuidade de medidas já tomadas”, acrescenta a nota da autarquia.
Escândalo
O “caso Cambridge Analytica” estourou no fim de semana, quando os jornais “The New York Times” e “The Guardian” publicaram que a empresa violara os dados de usuários nos EUA por meio de um teste de personalidade desenvolvido por um acadêmico russo, Aleksandr Kogan.
Ao todo, cerca de 270 mil pessoas teriam feito o teste, e Kogan teria tido acesso a dados de identidade, localização e dos contatos desses usuários, totalizando 50 milhões de indivíduos.
Em seguida, teria repassado essas informações para a Cambridge Analytica, o que é proibido.
A empresa foi contratada pela campanha do então candidato Donald Trump, que hoje vê membros de seu governo e sua família suspeitos de conluio com a Rússia para beneficiá-lo nas eleições. A consultoria também teria prestado serviço a grupos pró-Brexit.
As informações coletadas pelo teste de Kogan teriam sido usadas para entender o comportamento de eleitores e tentar direcionar suas escolhas. (ANSA)