Todos os estudantes estrangeiros que estavam no ônibus sequestrado na semana passada em Milão receberão a cidadania italiana, anunciou o ministro do Interior, Matteo Salvini, nesta quarta-feira (27)
Em 20 de março, um motorista italiano de origem senegalesa que queria protestar contra a morte de migrantes afogados no Mediterrâneo sequestrou cerca de cinquenta crianças dentro do ônibus escolar e tentou queimá-las vivas. A polícia, contudo, conseguiu salvar os adolescentes.
A tragédia evitada gerou reações contratastadas. Enquanto alguns pediram para que a nacionalidade italiana dada ao motorista fosse cassada, outros sugeriram que ela fosse concedida às duas crianças tratadas “heróis”: Ramy, egípcio de 14 anos, e Adam, marroquino de 13 anos.
Ambos nasceram na Itália, onde não há direito à nacionalidade porque nasceram em seu território e devem esperar até que atinjam a maioridade para solicitar a naturalização.
Uma exceção seria que eles se beneficiassem de um decreto presidencial por “méritos especiais”, algo que acontece muito raramente.
A questão dividiu os dois ministros mais importantes do governo, Salvini e seu aliado, Luigi Di Maio, ministro do Trabalho e líder do movimento 5 Estrelas (antissistema).
“Por enquanto, as leis que temos não são alteradas”, disse Salvini, que inicialmente exigiu que o registro judicial de toda a família Ramy fosse estudado para lhe conceder cidadania.
No entanto, o ministro direitista cedeu à pressão popular e convidou Ramy e Adam para o ministério na quarta-feira, bem como as outras crianças estrangeiras que estavam no ônibus, que receberão a cidadania.
Segundo os últimos dados oficiais do Instituto Italiano de Estatística, a Itália nacionalizou cerca de 146 mil pessoas em 2017, mais do que qualquer outro país da União Europeia, incluindo cerca de 54 mil adultos nascidos e criados na península.
A Itália também enfrenta a pior crise devido à falta de crescimento da população, os estrangeiros legais representam 8,5% da população de cerca de 60 milhões de habitantes.
(AFP)