O país era o único que não havia escolhido seu representante
O novo governo da Itália indicou o nome do ex-primeiro-ministro Paolo Gentiloni (2016-2018), de centro-esquerda, para representar o país na próxima Comissão Europeia, que tomará posse no fim do ano.
A opção pelo ex-premier é a primeira medida do governo de coalizão entre o populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o social-democrata Partido Democrático (PD), que teve início nesta quinta-feira (5), após um mês de crise política desencadeada pelo ex-ministro do Interior Matteo Salvini, da ultranacionalista Liga.
Tanto o M5S quanto o PD votaram a favor da nomeação da alemã Ursula von der Leyen como próxima presidente da Comissão Europeia – o poder Executivo da União Europeia -, fator que foi um dos estopins para o rompimento entre o movimento populista e a Liga.
A indicação de Gentiloni foi comunicada a Von der Leyen na noite da última quarta (4) e tem como objetivo garantir à Itália uma comissão de peso no Executivo da UE, de preferência no campo econômico.
“Agradeço ao presidente do Conselho [primeiro-ministro] Giuseppe Conte pelo encargo conferido. É uma responsabilidade que me honra. Buscarei com todas as minhas forças e meu trabalho contribuir para uma nova temporada positiva para a Itália e a Europa”, disse Gentiloni.
Europeísta convicto, o ex-premier é uma das figuras de maior destaque dentro do PD e governou a Itália entre dezembro de 2016 e junho de 2018, depois da queda do correligionário Matteo Renzi. Desde então, exercia o cargo de deputado por Roma.
Devido à crise política do mês passado, a Itália foi o último país a indicar seu representante na próxima Comissão Europeia. “Estou contente por ter recebido os nomes de todos os Estados-membros da UE. Não vejo a hora de montar uma equipe bem equilibrada, a qual apresentarei na terça-feira [10]”, afirmou Von der Leyen no Twitter.
Atualmente, a Itália é representada em Bruxelas por Federica Mogherini (PD), alta representante do bloco para Política Externa e uma das vice-presidentes da Comissão Europeia. Além disso, um italiano, David Sassoli, preside o Parlamento Europeu.
Elogios
A troca de governo na Itália deve marcar também uma mudança de postura em relação a Bruxelas, após um ano de turbulência na relação do bloco com um de seus Estados fundadores.
Se a Liga, partido de Salvini, é historicamente eurocética, o PD é a força política mais europeísta do país, e a reaproximação com a UE foi uma de suas condições para se aliar ao M5S, que também é crítico do bloco.
“Estou convencido de que a Itália será capaz de exercer um papel importante para enfrentar os desafios europeus”, disse o atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que dará lugar a Von der Leyen, em uma carta de congratulações a Conte.
“O novo governo italiano reflete um espírito europeu”, reforçou a porta-voz do poder Executivo da UE, Mina Andreeva.
(com informações da ANSA)