Brasil respondeu por 85% dos pedidos de reconhecimento de cidadania por direito de sangue em 2017
A polícia da Itália realizou na quinta-feira (18) uma operação de busca e apreensão no escritório de registro civil da Prefeitura de Lauriano , nos arredores de Turim , no âmbito de uma investigação sobre irregularidades em processos de pedidos de cidadania feitos por brasileiros.
O inquérito é conduzido pelo Ministério Público de Ivrea e apura possíveis falsificações de documentos públicos e corrupção. As irregularidades estariam ligadas a 30 processos de residência de candidatos à cidadania italiana.
Segundo dados do Ministério do Interior elaborados pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat), os brasileiros responderam por 85% dos pedidos de reconhecimento de cidadania por direito de sangue (jus sanguinis) feitos em solo italiano em 2017 — 7.014, de um total de 8.252. Os números excluem os procedimentos feitos pela rede consular.
Na sequência, com 549 indivíduos (6,7%), aparecem os argentinos, seguidos por marroquinos, com 109 (1,3%), americanos, com 69 (0,8%), e venezuelanos, com 65 (0,8%). Cidadãos de outras nacionalidades correspondem a 5,4% dos processos.
Para reconhecer a cidadania em solo italiano, é preciso fixar residência no país durante a tramitação do pedido, que pode levar alguns meses. Quando se leva em conta todos os tipos de cidadania (por tempo de residência, casamento ou outros motivos), os brasileiros caem para terceiro lugar no ranking.
Em 2017, a Itália registrou 146.605 processos de aquisição de cidadania (termo técnico utilizado pelo Istat), sendo 27.112 de albaneses (18,5%), 22.645 de marroquinos (15,4%) e 9.936 de brasileiros (6,8%).
Diversas investigações já levaram até à revogação das cidadanias de centenas de brasileiros por corrupção e irregularidades na certificação da residência.
Em março, uma operação prendeu sete cidadãos brasileiros, acusados de fraude . Segundo o Ministério Público italiano, o grupo agia na província de Verbano Cusio Ossola, no Piemonte, e lucrou ao menos € 5 milhões com o reconhecimento de 800 cidadanias e a emissão de 200 passaportes.
A operação nasceu após a Prefeitura de Macugnaga ter desconfiado do elevado número de brasileiros pedindo cidadania no município, que tem menos de 600 habitantes. A quadrilha gerenciava cerca de 60 apartamentos, onde acomodava os solicitantes, e cobrava 7 mil euros (R$ 31 mil) de cada pessoa.
(O Globo)