Político foi morto por membros dos Brigadas Vermelhas em maio
Há exatamente 40 anos, durante 55 dias, entre 16 de março e 9 de maio de 1978, a Itália acompanhou com angústia a provação do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro, sequestrado e morto pelo grupo de extrema-esquerda Brigadas Vermelhas.
O líder da democracia cristã, cinco vezes primeiro-ministro, duas vezes ministro das Relações Exteriores, foi sequestrado, em 16 de março, enquanto estava a caminho da Câmara dos Deputados.
Sua morte é alvo de várias teorias, especialmente, pelo fato do governo daquela época ter se negado a negociar com os sequestradores para libertação de Moro.
O veterano político de 62 anos era a mais alta autoridade a cair nas mãos da organização terrorista. Em troca de Moro, o grupo exigia a libertação de 13 líderes das Brigadas detidos nas prisões italianas.
No dia do sequestro, o carro Fiat 132 bloqueou o carro do político e de sua segurança. Os terroristas das Brigadas Vermelhas mataram os cinco homens que faziam a escolta de Aldo – Oreste Leonardi, Domenico Ricci, Giulio Rivera, Francesco Zizzi e Raffaele Iozzino – e o levaram. Somente no dia 9 de maio, o corpo do político foi encontrado com 10 marcas de tiros em um Renault vermelho na via Caetani, em Roma, próximo à sede do partido Democracia Cristã.
O crime sacudiu a opinião pública italiana e abriu uma fase de crise institucional no governo do país da bota. A morte de Aldo ocorreu no momento em que ele, de orientação de centro-esquerda, havia proposto uma aproximação ao Partido Comunista Italiano.
“Foi o 11 de setembro da Itália. Os 55 dias que o sequestro de Moro durou mudaram o rumo que a República italiana estava para tomar”, escreveu Ezio Mauro, diretor do jornal italiano “La Repubblica”, ao apresentar uma série de artigos dedicados á trágica morte do ex-premier. Na época, diversas personalidades internacionais tentaram interceder fazendo apelos pela libertação de Aldo, como o papa Paulo VI, e o presidente da Líbia e aliado do grupo, Muamar Kadafi.
No entanto, os membros dos Brigadas Vermelhas consideravam uma traição o tal acordo de Moro. A polícia italiana ainda conseguiu prender alguns integrantes do grupo e os condenar à pena de morte, mas a maioria dos anos de reclusão foram perdoados em decorrência de uma lei aprovada em 1982. Outros conseguiram fugir para o exterior. Nesta manhã, o ministro da Cultura, Dario Franceschini, prestou homenagem a Moro e lembrou “que tinha conseguido convencer os dois ganhadores das eleições, que tanto na época como hoje não tinham obtido a maioria no parlamento para governar. O de antes vale para o hoje”, afirmou.
Na via Fani, em Roma, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, juntamente com a prefeita Virginia Raggi, o presidente da região, Nicola Zingaretti, a presidente da Câmara, Laura Boldrini, participaram de uma cerimônia para inaugura um monumento em homenagem a Aldo.
Além disso, duas coroas foram colocadas em Bari, em frente ao monumento dedicado ao expoente da Democracia Cristã. Entre os presentes na cerimônia estavam o prefeito de Bari, Antonio Decaro, o presidente do Conselho Regional de Puglia, Mario Loizzo, e Antonio Uricchio, reitor da Universidade de Bari.
“Moro é um patrimônio do nosso país. A partir desse caso, nosso país reconstruiu a própria comunidade”, ressaltou Decaro. (ANSA)