{mosimage}Marisa Tomei e Paul Giamatti são exemplos de atores
ítalo-americanos que fogem do estereótipo hollywoodiano de interpretar somente personagens que revelem suas origens
Ela é de Nova York. Ele, de Connecticut. Em comum, a origem italiana. Ao contrário do que acontece com muitos artistas em Hollywood, que acabam tendo suas origens como parâmetros para fazer sempre os mesmos papéis, Marisa Tomei e Paul Giamatti — nos cinemas em Tudo pelo Poder, de George Clooney — se sobressaem pela versatilidade de suas escolhas. Quem acompanha suas carreiras pode sempre comprovar isso.
Marisa Tomei possui duas cidadanias: a americana e a italiana, o que lhe permite viajar algumas vezes com o passaporte italiano. A atriz chegou a cogitar a possibilidade de deixar de morar em Nova York caso o presidente George Bush fosse reeleito nas eleições de 2004. Em entrevista durante o último Festival de Veneza, ela disse que aquela foi uma época complicada nos Estados Unidos, e achava que o país estava se tornando assustador para se viver.
— Estava pensando em me mudar. Paris? Itália? Eu não gosto de Londres por causa do tempo, mas por que ficar nos Estados Unidos? É um mundo assustador — declarou.
O tema política vem à tona, pois em Tudo pelo Poder Tomei interpreta uma jornalista que vive intensamente o jogo político, buscando informações privilegiadas de amigos envolvidos na campanha de um futuro governador. Ela considerou o papel difícil por interpretar, pela primeira vez, uma personagem mais masculina, em que não precisa explorar seu lado sensual.
— Dessa vez, explorei o intelecto da personagem. Ela realmente ama o jogo político e faz esse jogo. Diz sempre algo diferente do que eu realmente penso, sempre tem segredos, constantemente faz manobras. Eu sou exatamente o oposto dela — revela.
Tomei conta que nunca tentou fugir de papéis sensuais ou que explorassem sua origem italiana.
— Sempre procuro ver o que me interessa nos roteiros, ou mesmo o que me chama a atenção nos diretores com quem vou trabalhar. No caso do Clooney, foi algo especial, porque ele é tão incrivelmente bom homem, atencioso. Sabia exatamente o que queria, mas ainda tinha espaço suficiente para eu mostrar o que pensava da personagem.
A atriz acrescenta que fazer um filme ambientado no universo político, em tempos de crise mundial, é bom para ajudar o público a refletir.
— O filme ajuda você a ver como as coisas realmente são nos bastidores políticos. É preciso expressar verdades — resume.
Paul Giamatti também
prefere a versatilidade
O ator Paul Giamatti, que também marcou presença no Festival de Veneza de 2011, revela que a sua origem italiana — por parte do avô paterno — não o impediu de viver personagens diferentes.
— Não sou um ator que fica remoendo o personagem o tempo todo. Às vezes, preciso aprender um sotaque para algo específico, e vou lá e faço. Gosto de fazer coisas desse tipo. Já fiz personagens com sotaques variados, e a origem italiana não influenciou isso.
Essa versatilidade, que garante a Giamatti um lugar de destaque entre os grandes atores americanos, permite a ele escolher, com tranquilidade, os papéis que deseja fazer.
— É verdade que recebo um número grande de roteiros, e a variedade deles é boa. Eu posso escolher qual deles aceitar.
Em Tudo pelo Poder, o ator, mais uma vez, rouba a cena como um assessor de campanha política. Embora o filme tenha como foco o ambiente político, ele faz questão de ampliar essa discussão.
— Realmente, não acho que seja um filme sobre política. Podia ser ambientado em qualquer lugar, mas, por acaso, é na política. O foco na verdade é mostrar a jornada de um homem que se desilude com o seu mundo e quer mudar isso. Esse mundo é a política, mas podia ser outro trabalho qualquer.