Grupo que produz peças de referência da moda casual italiana acaba de inaugurar um showroom em São Paulo e planeja abrir lojas nas principais cidades do país
Carrera Jeans, uma das marcas mais tradicionais da moda casual italiana, completa 50 anos em 2015. Um aniversário que o grupo de Verona está pronto para festejar, presenteando-se com o Brasil. Em maio passado, um acordo de importação, distribuição e licença foi fechado com um dos maiores grupos têxteis brasileiros. Poucos meses depois, em 7 de outubro, era inaugurado o primeiro showroom da Carrera no Brasil.
— O primeiro objetivo, ou seja, a abertura do showroom em São Paulo, foi consumado, mesmo que as vendas comecem somente a partir de janeiro — explica à Comunità o diretor executivo GianlucaTachella.
Ele adianta que, após a abertura da primeira loja em São Paulo, virão as lojas exclusivas nas principais cidades brasileiras, ao lado de uma distribuição capilar nas melhores boutiques. A história da Carrera, especializada na produção de roupas para homem, mulher e criança, tem suas raízes na história do Noroeste italiano, conhecido pela sua produtividade: até uma década atrás, aquela zona era considerada um modelo de eficiência inoxidável. O quadrilátero constituído por Vêneto, Friuli Venezia Giulia, Trentino Alto Ádige e Emília-Romanha estava vivendo um novo milagre econômico e tinha atingido níveis de prosperidade nunca antes alcançados.
Já a partir de 2008, a crise econômica internacional começou a colocar a dura prova às empresas, e uma das áreas mais atingidas pela turbulência econômica foi exatamente o rico Noroeste. Muitas empresas daquela região não puderam fazer nada além de fechar ou se deslocar. Conseguiram sobreviver apenas as marcas mais fortes e os grupos que souberam se estruturar de maneira sólida e moderna. É o caso da Carrera.
Da pequena oficina dos anos 1960 ao império presente em 30 países
Em 1965, pouco mais que uma oficina artesanal, hoje é um império presente em mais de 30 países, oferecendo emprego a mais de seis mil pessoas e capaz de desenfornar 5 milhões de peças por ano. Essa “pequena multinacional” de roupas conta com unidades produtivas deslocadas em alguns dos principais países produtores de algodão, que garantem à empresa o acesso às melhores matérias-primas.
Na Itália, permanece ativa uma série de repartições estratégicas, que vão do centro de design, que se vale da colaboração de alguns dos mais importantes estudos da moda internacional, aos escritórios que se ocupam da logística e do controle final. Tacchella revela os segredos que permitiram a ascensão de uma modesta realidade de província a uma autêntica fábula de negócios, capaz de resistir até mesmo aos choques da crise:
— Acredito que não existe uma receita igual para todos. Cada empresa representa um caso por si só. Diria que no nosso setor é fundamental amar o que se faz e se divertir ao fazê-lo. Além disso, é bom ser coerente com a marca e com a sua identidade, seja no produto, seja na escolha do preço, até porque, frequentemente, no mundo da moda, se tende a mudar, andando no sentido da diluição das potencialidades emotivas de uma marca. Enfim, é preciso nunca decair e se comprometer com a qualidade dos produtos, mesmo com o risco de obter margens inferiores, pois o cliente tem um valor inestimável, mas é um elo que se constrói ao longo dos anos e que se pode romper em um só segundo.
Poucos conceitos, simples e lineares, têm guiado a Carrera na conquista do mercado global.
— Os mercados de maior saída até agora são os da Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França e Rússia, onde abrimos negócios exclusivos. Em alguns mercados, como a Coreia e agora o Brasil, estipulamos acordos mais extensos que contemplam também a licença da marca — sublinha o diretor executivo da empresa de Verona.
Propriamente o Brasil, para a empresa italiana, representa um dos desafios mais importantes e excitantes:
— Carrera é uma marca que goza de ampla notoriedade e grande prestígio internacional. Nos mercados emergentes, como o brasileiro, existe uma forte busca por produtos e marcas italianas, tanto no segmento de luxo, quanto no casual. O Brasil, além disso, é um mercado muito importante para o jeans, no nível de produção e no nível de consumo.
A combinação desses dois fatores torna quase natural a aterrissagem da Carrera no Brasil.
— Para nós, sempre foi um objetivo para atingir, na ótica do desenvolvimento internacional da empresa. Nos últimos anos avaliamos várias propostas e diversas parcerias possíveis, até quando encontramos o que é justo para a nossa marca — confirma Tacchella.
Abre-se, então, um novo capítulo, que enriquecerá o longo percurso de crescimento do grupo Carrera.
— São Paulo, que é o ponto de referência para a moda brasileira, vai se tornar o nosso primeiro polo e servirá tanto de banco de prova, em virtude das possíveis novas aberturas nas principais cidades brasileiras, quanto base para a distribuição. O calendário com o qual trabalharemos para realizar as várias fases do projeto, naturalmente, é extremamente ligado às respostas que o mercado nos dará e dependerá da apreciação que os produtos e a marca Carrera obterão — explica.
Ele demonstra confiança no mercado brasileiro:
— O Brasil, nos últimos anos, demonstrou uma capacidade de crescimento e de inovação bastante respeitáveis, candidatando-se a se tornar um absoluto protagonista do cenário mundial nos próximos decênios. Nós somos otimistas e, se o mercado responder bem, como esperamos, o nosso parceiro local estará em condições de sustentar um desenvolvimento acelerado.
“São Paulo nada tem a invejar das grandes capitais do mundo”
O diretor da Carrera esteve em São Paulo em março passado, para acompanhar de perto as últimas fases da tratativa que sancionou o desembarque no Brasil.
— Foi uma brevíssima viagem de trabalho, no decorrer da qual fiquei impressionado com os passos de gigante feitos pelo Brasil. Sobretudo São Paulo não tem nada a invejar das maiores capitais internacionais. Ainda que algumas zonas do Brasil tenham coisas para organizar, parece-me que o esforço realizado em virtude da Copa do Mundo forneceu uma contribuição decisiva para efetuar um salto de qualidade — acredita Tacchella.
No entanto, a concorrência no país é acirrada. O certo é que a marca não renunciará ao seu estilo e às suas características distintivas.
— Carrera é sinônimo de jeans, o jeans é a sua identidade, a sua alma e a sua história. Portanto, nossa imagem no Brasil seguirá a mesma filosofia. Vamos nos direcionar principalmente aos jovens, que são os maiores consumidores de jeans, mas sem esquecer que somos uma marca muito transversal, capaz de abraçar um público particularmente vasto.
O mercado brasileiro será alimentado com um produto de ponta.
— Apresentaremos o novo jeans Play, que se diferencia por ser um híbrido entre o jeans e o moletom. É um produto particularmente inovador, capaz de combinar a praticidade e a comodidade do tecido, felpudo internamente, com o elemento estético externo, em linha com as exigências da moda denim.
O italiano adianta as próximas movimentações do grupo no xadrez global.
— Os novos mercados emergentes, como China, Indonésia e Índia, mas também Rússia e Ásia Central, são muito atraídos pelas marcas brasileiras. O desenvolvimento da empresa no plano internacional é um dos principais objetivos da Carrera para o futuro próximo. Por isso, começamos a reforçar numerosos contatos para possíveis colaborações, que resultam particularmente cobiçadas, enquanto somos uma das empresas mais ricas do universo casual italiano — revela.